segunda-feira, 15 de março de 2021

A LIBERDADE DE NÃO TER UM PARTIDO

              Todos nós temos uma preferência, um gosto, um sonho, seja lá o que for que nos conforta na trajetória da vida. Alguns tem desejos muito simples outros sofisticados. Alguns alcançam a plenitude com aquilo que lhes completa outros se matam ou matam o próximo por aquilo que preferem. No caso do futebol será torcedor aquele que mata seu próximo por torcer pelo time adversário? No caso do partido político é normal matar o adversário, enxotar o amigo, a família e quem mais não apoiar seu partido ou seu mito político de plantão?

             Desde quando comecei a entender política, e aqui bebi na fonte da pólis grega, guardei pra mim a liberdade de não ter partido político, de não me filiar a nenhum partido. a decisão não foi contra programas, teses, ideias e princípios desses partidos. Foi uma coisa minha, de princípio. Fugi de todas as armadilhas que poderiam me prender a uma filiação partidária, pois a minha atividade como homem de teatro já era tremendamente política. E foi  através dela que entendi que não podia ser livre e me manifestar como eu desejava se eu fosse filiado a um partido. O que parece ingenuidade por que a história está cheia de artistas de teatro partidários, defensores de partidos até as últimas consequências. Mas eu me fiz uma pergunta: São livres para agir fora das suas preferência políticas? Imaginemos um Bertold Brecht apoiando Hitler na Alemanha. Sim, mas muitos artistas podem ter apoiado Hitler. Faríamos a mesma pergunta: Eles poderiam apoiar outro partido?

            Tudo é uma questão de opção, de preferência, de desejo, do querer. O que não podemos é ser engolidos pelo canto da sereia. E como temos visto isso ao nosso redor nesses tempos de pandemia e desgraça! Parece uma situação contraditória, enquanto milhares de pessoas estão morrendo outras continuam a se digladiar no campo político. E, no nosso país, não são todos contra um, mas muitos contra muitos, cada qual querendo esticar o cordão para o seu lado. E muitos no meio tontos zonzos, sem saber o que fazer, enquanto tantos outros só tem tempo de morrer.

            Adoro política no sentido lato da palavra. E faço política naquilo que sei fazer, sempre fiz. procurando o bem comum, o comum a todos, servindo naquilo que posso servir. Tenho sim minhas preferências políticas, todas livres de amarras, de coleira, de adoração desenfreada. Talvez seja por isso mesmo que tenho alcançado, senão a plenitude, pelo menos a humildade do saber e a simplicidade de seguir pregando meus princípios. Que se não servirem para ninguém, serviram para que eu continua no pacto pela vida, minha vida e a dos outros. Mesmo daqueles que torcem contra mim. .   

            

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