sábado, 27 de junho de 2015

O FIM MELANCÓLICO DE UM EVENTO


               No ano de 1994, como Diretor do Departamento de Arte da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, criamos o I Salão Municipal de Artes Plásticas. Era coordenadora da área a hoje professora da UFPI Polyana Jericó.
               O evento seria uma das grandes atrações da inauguração da Casa da Cultura de Teresina, criada naquele ano pelo então Prefeito Wall Ferraz, belíssima casa e um dos patrimônios culturais que orgulha a cidade. A realização do Salão seria um grande desafio, primeiro por que não sabíamos qual a aceitação dos artistas em participarem do evento, depois a pressão em fazer um evento inédito na cidade, e fazer bem feito.
                Lembro que o prefeito Wall Ferraz, de vez em quando fazia perguntas sobre o Salão, colocando dúvidas na sua concretização. Como a Fundação Monsenhor Chaves seria a gestora da Casa da Cultura acompanhamos passo a passo a reforma da antiga Casa do Barão de Gurgueia,  para transformá-la naquele espaço.  Então, no piso superior da Casa ficaria a Galeria de Artes, que denominamos de Lucilio Albuquerque, grande artista plástico piauiense. Quando vimos o espaço grande da Galeria ficamos ainda mais assustados.
               Dois episódios me chamaram atenção durante a reforma da Casa da Cultura, o primeiro foi a recusa sistemática do prefeito Wall Ferraz em não aceitar que fosse colocado um busto do Barão de Gurgueia na frente da Casa, solicitação feita pelos parentes do Barão. O professor chegou a dizer que mandaria derrubar se assim fosse feito; a segunda, foi a bronca dada por ele no cartunista Albert Piauí, que tinha diagramado um livreto sobre a casa para ser lançado na inauguração. Mas a capa foi pintada de preto, e o prefeito detestava a cor preta. Essa eu tive que amenizar, mesmo por o livrinho fazia parte do meu Departamento e o Albert sempre foi  meu grande amigo. Peguei o livro e conversei com o professor.
               O I Salão Municipal de Artes Plásticas de Teresina foi lançado no mês de agosto de 1994, na inauguração da Casa da Cultura de Teresina, com mais de 150 obras de artes de artistas plásticas piauienses,  em várias modalidades. Um sucesso absoluto que orgulhou a todos nós.Daquele ano para cá ele teria mais de quinze edições, sempre com a participação maciça dos artistas plásticos.
                Neste ano de 2015, a mesma Fundação Cultural Monsenhor Chaves resolve acabar com o Salão Municipal de Artes Plásticas, em um piscar de olhos, sem explicação nenhuma. Parece que nem sequer foi discutido a sua reformulação ou mesmo o seu legado. Simplesmente acabou-se. Mas o pior é que em seu lugar foi criado um Salão Municipal de Artes Visuais. Ou seja, vamos começar tudo de novo. É o eterno retorno. Quer dizer, é dessa forma que continuaremos invisíveis. Muito triste, para não dizer terrível.