sábado, 21 de agosto de 2021

II FESTIVAL DE TEATRO AMADOR DE CAMPO MAIOR

               Em 1985, a Federação de Teatro Amador do Piauí - FETAPI, entidade representativa dos grupos amadores do Estado estava a todo vapor. No mês de agosto daquele ano tinha sido realizado uma das maiores Mostras de teatro na cidade de Teresina, encampada pela Federação. Como presidente da FETAPI por dois mandatos eu não podia mais continuar no comando da entidade, por cláusula estatutária. Portanto, eu trabalhava nos bastidores para eleger um candidato.

                Respaldado pelo trabalho feito junto aos grupos promovíamos seminários e debates com o movimento amador. No ano de 1984, tínhamos realizado na cidade de Campo Maior o I Festival de Teatro Amador de Campo Maior - I FETACAM, um sucesso! Colocamos na programação, depois da Mostra de Teatro Amador de 1985, acontecida em agosto,   a realização do II FETACAM. No entanto, a politicagem de bastidores pelo comando da entidade federativa corria solta, mesmo assim mantivemos a realização do evento.

             Primeiro fomos aos apoiadores iniciais, em Campo Maior a Associação dos Universitários de Campo Maior - AUCAM, depois a Universidade estadual do Piauí, questão de hospedagem dos participantes, e ainda a algumas empresas como a Coca-Cola para panfletos e cartazes. O II Festival de Teatro de Campo Maior foi marcado para o dia 05 a 08 de dezembro, depois de um encontro com apoiadores de Campo Maior.

              Tudo corria bem, apesar da recusa de alguns grupos de teatro em participar do evento. Eram exatamente aqueles grupos comandados por  pessoas concorrentes ao comando da FETAPI.  Todavia, na última semana de acertos na cidade de Campo Maior, a luta de bastidores para não suspender o evento foi terrível. Chegamos em Campo Maior, eu mais dois membros da Federação para acertar com a prefeitura todos os detalhes do evento. Na realidade, o encontro seria mais para convidar o prefeito, pois tudo já estava encaminhado. 

                O encontro com o prefeito, Dr. Cesar Melo foi um desastre. O homem pulou bem acolá e falou que não ia haver festival nenhum no Teatro Sigefredo Pacheco, o Teatro dos Estudantes daquela cidade. Simplesmente proibiu, pois o teatro estava caindo aos pedaços. Mas isso nós já sabíamos, e já tínhamos contratado mão-de-obra para a limpeza geral do local. Mesmo assim o prefeito não abriu mão. Partimos para o ataque, mostramos ao prefeito material de publicidade, quais nossos apoios e o respaldo que a Federação de Teatro Amador do Piauí tinha no Estado. O prefeito ouviu tudo calado, e não disse nada. Simplesmente mandou que o chefe de gabinete resolvesse a questão. Qua ao nosso ver era o de proibir o evento.

           Mas antes de sair da frente do prefeito eu ainda disse. Prefeito aceite nosso convite, o senhor será nosso convidado para a abertura do Festival. Mas não sei se ele ouviu.

             O chefe de gabinete da prefeitura era um dos apoiadores do Festival, então, pensem numa sinuca de bico. Ele sabia que tudo já estava decidido e encaminhado por nós, e que não realizar o Festival ia dar uma repercussão enorme. Isso a gente disse pra ele com palavras garrafais. O chefe de gabinete ficou de mãos na cabeça, mas nos confirmou que o Festival não seria adiado. Palavra dele. No entanto, a diretoria da FETAPi não acreditou muito e passou a monitor todos os movimentos para a realização do Festival. Agora estourar esse imbróglio no meio da classe jamais, tudo tinha que ser resolvido nos bastidores, pois se estoura era  munição para os opositores.

            Um episódio acontecido mostra bem a dificuldade que foi realizar o Festival. No último dia, a secretaria de educação do municipio negou a liberação do som para o festival, ela que já tinha acertado com a gente. Foi um golpe. Falar com quem? Tinha uma pessoa que poderia resolver, o vereador João Alves. Fomos atrás dele, mas o vereador estava  numa sessão dos maçons, de portas fechadas. Ficamos lá na porta esperando por ele, mas aquilo parecia não acabar nunca. Chegamos a pensar em invadir a sessão dos maçons, fomos contidos. a abertura do evento se daria as oito horas da noite, o som só foi liberado para a montagem no teatro ás dezoito e trinta. Ufa! Tempos depois João Alves se tornaria um dos nossos diletos amigos de Campo Maior.  

              O II Festival de Teatro Amador do Campo Maior - II FETACAM, foi realizado no Teatro Sigefredo Pacheco, ou Teatro dos Estudantes, no período de 05 a 08 de dezembro de 1985. Uma saga!

terça-feira, 3 de agosto de 2021

A HISTÓRIA DA FOTO - 2

 

 

                 A foto é do ano de 1980 na cidade de Amarante, Piauí. Era o I Encontro de Cultura de Amarante, promovido pela Universidade Federal do Piauí com o apoio da prefeitura local e de vários orgãos e entidades culturais, entre elas a Federação de Teatro Amador do Piauí. Cabia  a Federação de Teatro a organização de espetáculos e de cursos de teatro. Coordenava o Encontro, o professor Noé Mendes

                A foto foi tirada por José da Providência, um grande amigo, diretor de teatro e chefe do setor de teatro da Coordenação de Assuntos Culturais, da Universidade Federal do Piauí. No espaço ia acontecer uma oficina de teatro - Teatro Fórum, de Augusto Boal. Eu e Providência chegamos cedo ao local, como organizadores da oficina. Conversa vai, conversa vem, começamos a lembrar do teatro de Augusto Boal, o dramaturgo e teórico do Brasil que revolucionou o teatro mundial. Então, Providência propôs que nos fizessemos uma composição de personagem, tendo em vista que o material estava ali, pois fazia parte da oficina. E assim fizemos. A foto é a composição de um Rei Angolano, sem nome. 

                 Mas na conversa antes da oficina sobre o teatro fórum, eu e meu amigo, lembramos de um fato curioso sobre Augusto Boal. Naquele mesmo ano de 1980, no mês de agosto, tínhamos participado de um Fórum de Teatro Nacional, em Salvador, Bahia. Quem estava lá ministrando um curso sobre seu teatro? Augusto Boal, recém chegado ao Brasil. Inclusive ele estava com uma trupe francesa de atores. Algumas atores do Piauí, que também participavam do fórum, se inscreveram no curso, entre eles eu e Providência. 

                  No primeiro dia do curso, no Teatro Castro Alves, eu e meu amigo chegamos foi cedo no local. A entrada ao Teatro se daria pelos fundos. Então, nós entramos e, para nossa surpresa, vimos vindo ao nosso encontro por um corredor o próprio Augusto Boal, com aqueles cabelos característicos. Providência, mais timído do que eu, ainda quis voltar, no entanto, não tinha mais jeito. Quando nos encontramos Augusto Boal abriu um sorriso, e perguntou se íamos participar do curso. Providência ficou mudo. Falei que sim, e aproveitei, não sei porque, para dizer que éramos do Piauí. Augusto Boal agradeceu e disse que o curso começaria logo.

                 Foi uma saga. Como a própria fotografia.