domingo, 26 de agosto de 2012

                                                        TEMPO DE LEMBRAR.

                                                Os  Anos  Oitenta  e  o  Tempo da  Cultura  I.



             Em 1985 eu era presidente da Fetapi - Federação de Teatro Amador do Piauí, entidade que agregava mais de 40 grupos de teatro do Estado e que gozava de grande prestigio, sem dúvida alguma. Para quem sabia dimensionar sua força, o campo era aberto e vasto. Ao meu lado, na diretoria, estavam Pinho Gondinho, Lorena Campelo e Raimundo Dias.
             Naquele ano fizemos uma das maiores mostras de teatro do Estado. Lembro que o cartaz do evento, de cor rosea, criação do genial Paulo Moura, estampava um rosto caindo uma lágrima do olho.Eu e Pinho fomos pedir ao prefeito de Teresina, na época, Freitas Neto, que patrocinasse o cartaz e o folder do evento. Ele gentilmente nos indicou o assessor de comunicação para as providencas. O assessor queria mudar o desenho do cartaz por que era muito triste, na sua visão. Não aceitamos. O material foi impresso e a Mostra foi um sucesso.
           A Fetapi tinha sua sede na Fundação Cultural do Piauí, cedida pelo então secretario, Jesualdo Cavalcante. A entidade,  também,  recebia um salário minimo do orgão para sua manutenção. O país estava saindo da ditadura militar e nós tinhamos presa de fazer as coisas, e faziamos.
           1985 foi um ano de eleição para prefeito. Um dia fui convidado para comparecer ao auditório da Fundação Cultural onde haveria um encontro com o secretario. O encontro, na realidade, seria para comunicar que o secretario iria se candidatar a prefeito, pelo PFL. Por mais que o secretario fosse um homem competente, como foi realmente na pasta da cultura, não podiamos apoiá-lo. Era questão bem nitida entre direita e esquerda. Direita, então, jamais! No encontro eu disse aos amigos que não votaria no secretario, e sim no  professor Wall Ferraz, isso para deixar bem claro, de vez, minha posição. Não tardou para que a Fetapi passase a ser mal tratada dentro da Fundação e a perder as pequenas benesses.
           Em seguida, recebo um dia um convite do artista plástico Paolo de Lima, para comparecer a uma sala no Palácio do Comércio onde havia encontros de sedimentação de propostas para a campanha do professor Wall Ferraz. Fui lá e entreguei as propostas da Fetapi para a área da cultura. Entre nossas propostas estava a criação de uma fundação municipal de cultura para Teresina. Foi batata. Já existia uma intenção nesse sentido do professor e o responsavel em formatar o documento era o professor Manoel Domingues, do PC do B. Houve, então, várias reuniões com a classe artistica. O documento norteador da criação da Fundação Cultural Moonsenhor Chaves foi confeccionado, e temos ainda hoje uma cópia dele.
           O professor Wall Ferraz foi eleito e tomou posse em janeiro de 1986. Jamis pensei em trabalhar em um orgão de cultura, ainda mais ajudar a implantá-lo. Se bem que estava preparado para isso. Um dia recebo um recado do professor Noé Mendes para que eu o encontrasse na prefeitura. A reunião com ele foi na mesa grande de marmore onde o prefeito faz reunião com sua equipe. Noé Mendes era um grande amigo desde o meu tempo de estudante na UFPI, onde ele dirigia a Coordenação de Assuntos Culturais, Noé Mendes tinha sido nomeado Superientende da Fundação Monsenhor Chaves, que tinha como presidente dona Eugenia Ferraz, e naquele encontro ele me convidou para a coordenação de artes. Então, começamos ali mesmo a montar a equipe da Fundação e a visitar alguns locais em Teresina para alugar como sede do orgão.
          Fui imensamente feliz na indicação de alguns nomes da área cultural para a Fundação. O Noé aprovava com dona Eugenia. Pessoas de talento como Janete Dias, Heloisa Cristina, Valdery Duarte, Arimatan Martins, Raimundo Dias, Durvalino Couto, Edson Andrade Correia, Hélio Costaandrade, Fred Ramos iriam compor uma equipe inicial de implantação da Fundação. O local escolhido para o endereço foi na Rua Quintino Bocaiuva, perto da Escola Técnica Federal, hoje IFPI. Foi dali que se irradiou a partir do ano de 1986, uma maiores transformações da cultura na capital.
        A Fundação, inicialmente, impalntou 03 Centros Integrados de Arte. O Ciarte/Centro;  Ciarte/São João e Ciarte Matadouro, coma a criação do Teatro do Boi, inaugurado com um episodio fantastico, quando o professor Wall demitiu de cima do palco o músico Chagas Vale, instrutor de coral, por ter reclamado das condições exatamente do coral infantil que dirigia. Este fato deu manchetes e polemicas nos jornais,
        Nos centros de arte existiam bibliotecas, aulas de teatro, dança, capoeira, cultura popular e música. Também, foram criados 16 bandinhas de fanfarras; 08 corais infantis; O Festival de Bandas; O  Festival de Teatro de Bairros; Cinema nos bairros; O plano editorial do muicipio e a criação da revista Cadernos de Teresina. A Fundação, também, promovia shows com grandes nomes da música brasileira no Theatro 4 de Setembro, a exemplo de Nana Caymmi e Nara Leão. Tudo sob a batuta do setor de artes.
        Foi numa dessas grandes promoções que se desfez praticamente a equipe inicial da Fundação. Janete Dias idealizou o Fenemp-PI - Festival Nordestino de Música Popular do Piauí. Andou em vários estados brasileiros divulgando o evento e ganhou o patrocinio do Banco do Nordeste. Mas o evento foi impedido de ser realizado pela Fundação pelo prefeito Wall Ferraz, que alegou desvio de função do orgão. Discordamos dele. O professor Noé Mendes tentou várias vezes argumentar com o professor,mas ele não cedeu.
        Noé Mendes reuniu toda a equipe de artes e anunciou sua saida da Fundação. Eu,  Janete Dias, Edson Andrade, Hélio, deixamos a Fundação em solidariedade a Noé Mendes. O Fenemp-Pi foi levado para a Coordenação de Assuntos Culturais da UFPI e realizado por nós, que montamos toda a coordenação do evento lá dentro. O Fenemp´Pi foi realizado em maior de 1988 no Ginásio Verdão com imenso sucesso, tendo atração final do Quinteto Violado. Quem ganhou o Fenemp-Pi foi o Grupo Candeia.
A FCMC, apesar de ter saido no material publicitário, não participou da realização do Fenemp-Pi.
        Fora da Fundação Monsenhor Chaves retomei meus trabalhos na área de teatro, com mais afinco e paixão. E a história continua.