sexta-feira, 26 de agosto de 2016

III FESTIVAL DE TEATRO AMADOR DO PIAUÍ



            No ano de 1979, a Federação de Teatro Amador do Piauí - FETAPI, descentralizou o seu Festival de Teatro para o interior do Estado, e a cidade escolhida para sua realização foi a cidade de Monsenhor Gil, cujo prefeito naquele ano era o o médico e militante da área cultural Antonio Noronha.
             Cerca de setenta artistas amadores , principalmente, de Teresina aportaram naquela cidade por cerca de uma semana. É bom dizer que a cidade de Monsenhor Gil não tinha teatro, como ainda hoje não tem, e a hospedagem de toda a delegação do Festival foi feita num casarão da cidade, que ficava de frente para a praça da Matriz. Era nesse espaço que aconteciam as reuniões da Federação, os debates do Festival e a alimentação  de todos os grupos amadores participantes. Quanto aos espetáculos de teatro eram apresentados em um espaço que servia de festa para a comunidade, o que parecia mais uma palhoça, pois era coberto de palha, com um cercado de talos de buriti. No entanto, tudo muito limpo.
            Muitos fatos dignos de notas aconteceram nesse evento. Em primeiro lugar, dizer da acolhida da prefeitura que não mediu esforços para a realização do Festival. Doutor Noronha, o prefeito, como era carinhosamente chamado, era uma figura participava e fez de tudo para que o Festival fosse um sucesso e foi. 
            O primeiro fato que registramos é que naquele período a ditadura militar ainda dava as cartas, de forma muito forte na área da cultura. Então, o cuidado era para que os artistas não exagerassem nas suas estripulias. Para tanto, foi feito um trabalho entre todos no sentido de maneirar nas atitudes e nos gestos, pois além de tudo a própria comunidade da cidade era muito provinciana. Lembro que existia até um lugar determinado para se fumar maconha, isso para quem fumava, claro. Pois por lá não iria aparecer nem um tipo de repressão. Quanto a censura, houve um episódio interessante. Um dos artistas participantes do festival desenhou o fusca de cor azul, pertencente ao censor federal chamado Antonio Peixe, e colocou as palavras - cuidado com o azulzinho do peixe! Foi motivo de risos durante o festival. Outro lance interessante foi a partida de futebol entre os amadores e o time da cidade. As caras olhavam para os artistas e achavam graça até da forma que a gente corria no campo. Eu mesmo fui dar de cabeça na bola e cai pra trás que quase não me levanto.  Quanto ao Beleza foi dar um chute na bola e o peito do pé arrastou no chão que ficou em carne viva. Claro que apanhamos de não sei quanto a zero.
          Fato importante, que todos os participantes lembram com muitas risadas, aconteceu na primeira noite do Festival quando todo mundo estava armando suas redes para dormir. Com tudo calmo, o amador Raimundo Dias, uma das figuras mais queridas do meio, já deitado, estava preocupado com sua mãe que dormia em outro local. De repente, uma grande queda. O próprio Raimundo grita - Esse se lascou! Risos e depois, silencio, quando  Raimundo interroga - Mamãe?...Mamãe? Para surpresa geral era a mãe de Raimundo Dias que tinha caída quando as cordas de sua rede deslizaram da travessa.
          O mais o Festival de Teatro Amador de 1979, foi um dos melhores realizados no interior do Estado. O verdadeiro congraçamento entre a classe.