sexta-feira, 6 de outubro de 2023

A FAZENDA

 

               A fazenda não era propriamente uma fazenda do nosso imaginário. Mas era uma fazenda. Pelo menos era denominada dessa forma. Só não tinha nome, no entanto, todos conheciam como a fazenda. O local era tranquilo, e se não fosse a presença de algumas vacas e bois, alguns cavalos e éguas, alguns jumentos e jumentas, a tranquilidade seria eterna.

               Aqui e acolá a rotina era quebrada com os cavalos desembestados correndo inguém.

no cercado atrás das éguas, levando tudo em turbilhão. Os cavalos  tinham a mania de querer morder as éguas no pescoço, mas isso devia ser uma forma de amor dos animais porque logo depois eles cobriam a companheira, que aceitavam tudo calmamente. Quanto a jumentada nem se falava muito em relação a isso, por que os jumentos cobriam as jumentas no silencio. Não vamos falar do resto dos animais, como cabras e bodes, ovelhas, galinhas e galos. A única coisa estranha em relação aos galos é que alguns cantavam fora do horário.

                A fazenda, portanto, era tranquila. Mas por que tanta nostalgia e banzo sentiam as pessoas que por lá moravam? Era uma certa solidão diária que impedia de serem felizes completamente. Muitos deles andavam moribundos pelos ambientes. Não era falta do que fazer, nem falta de como se divertir, nem falta de saborear  comidas  das mais diversas. Tudo estava ao alcance dos moradores da fazenda. O silencio e a solidão em que viviam seus moradores não tinha explicação. Empregados dos mais intimos aos mais distantes já tinham se acostumados com o silencio e a fala calma e mansa de seus patrões. Para eles era uma coisa incompreensivel. Todavia, alguns se dava por satisfeitos e felizes, pois seus patrões não levantavam a voz para ninguém.

              A fazenda está lá. A alegria passa longe daquele local. Mas os animais fazem a festa. Talvez seja por isso mesmo que ela ainda esteja lá, bela e imponente.