sábado, 16 de março de 2019

LAMPIÃO E SEUS CABRAS NA LITERATURA DE CORDEL - III


           Quando Lampião se candidata a prefeito do inferno para tomar o trono de Lúcifer, o diabo termina sendo eleito. Começa, então, a briga do cangaceiro para tomar o trono de satanás na marra. Aparece um tal de Cão Gasolina, uma espécie de secretario  do lugar, e manda a mãe do azar fazer uma macumba para matar Lampião. Mesmo assim Lampião termina tomando o trono do diabo e começa a mandar no inferno. Sua primeira medida é mandar expulsar 70 mil cães do pedaço, mandando para vários estados do Brasil, como Alagoas, Pernambuco, Bahia e São Paulo. Muito interessante este cordel de Severino Gomes da Silva. Ele se parece muito com outro cordel de nome "A Chegada de Lampião o Céu - Debate de Lampião Com São Pedro", de José Pacheco, guardando-se as devidas diferenças, pois o primeiro trata, como vimos, de Lampião no inferno e este de Lampião no céu.
            No cordel de José Pacheco, o autor fala de inúmeros lugares para contar a morte de Lampião, até chegar a conclusão de que realmente o cangaceiro morrera, indo esbarrar no céu pedindo a São Pedro que o abrigasse. Mas o santo guardião das portas do céu não deixou o homem entrar, pois o seu lugar seria o inferno. Lampião não aceita a negativa e bate o pé, quer ficar mesmo é no céu. São Pedro então convoca todos os santos, principalmente os mais poderosos, citados na Biblio Sagrada, para enfrentarem  Lampião. Foi então que São Francisco jogou um corisco e um trovão que escureceu o espaço e Lampião desapareceu. Claro, para o autor as forças do bem jamais poderiam deixar um assassino entrar no reino de Deus. Portanto, o lugar de Lampião foi mesmo o inferno. 
          Importante colocar aqui que tanto o cordel de Severino Gomes da Silva como o de José Pacheco, serviram de inspiração para o dramaturgo piauiense Gomes Campos, escrever a famosa peça teatral "Auto do Lampião no Além", um marco no teatro piauiense. 
             Em outro cordel da safra do cangaço "O Encontro de Lampião com Lampião", de João José da Silva, o autor apenas troca de titulo, mas a história é a mesma de outro cordel "O Encontro de Lampião Com Um Falso Lampião", muito confuso por sinal. Já em "Perseguição de Lampião Pelas Forças Legais", romance de José Cordeiro, aparecem várias novidades.Este cordel, muito interessante, começa no de 1927, quando Lampião se encontra no estado da Paraiba e promete matar todos os habitantes da cidade de Sousa, Cajazeiras, e por ai vai. É um dos únicos cordéis onde aparece uma Toada de Lampião, que diz:

                                                É lampe, lampe, lampe
                                                É lamparina, é cabra bom
                                                É lampe, é lampe, é lampe
                                                É lampe, lampe, lampe
                                                 É Virgulino, é Masilon.
                                                            
                      Lampião é negro taco 
                      Sabino é negro de linha
                      Mailson no rio grande
                       Banca pose almofadinha.

                                                 É lampe, lampe, lampe
                                                 É Lamparina é cabra bom
                                                 È lampe, lampe, lampe
                                                 É Virgulino, é Masilon
                                                 Estácio é meu intrigado
                                                 Zé Augusto é inimigo
                                                 Suassuna um danado
                                                 Moreirinha eu não persego

                    É Lampe, lampe, lampe.....

                                                                                                 CONTINUA