quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A BATALHA DO JENIPAPO, O FILME


              Em 1998 fomos convidados pela então presidente da Fundação Cultural do Piauí, doutora Lourdes Rufino, para escrever uma peça de teatro sobre os fatos que geraram a independência no Estado, com o foco em Campo Maior, onde se travou a luta corpo a corpo, verdadeira guerra, dos piauienses contra o domínio português.
                Toda assessoria do orgão gestor de cultura do estado foi posta para a concretização do trabalho. Citamos aqui, Airton Martins, diretor de assuntos culturais e Chico Castro, assessor de imprensa, que nos auxiliou nas pesquisas das lutas da indenpendencia do Piauí. Aliás, a pesquisa do escritor Chico Castro, pela sua importância, foi lançada pela Editora Ática, tempos depois, com a nossa apresentação.
                A peça A Batalha do Jenipapo foi apresentada no monumento Heróis do Jenipapo no dia 13 de março de 1998, na cidade de Campo Maior, com mais de 100 atuantes, entre atores e figurantes, numa esmerada produção do governo do estado, .com direção de Arimatan Martins.. Portanto, há 21 anos atrás. Desses 21 anos nosso texto foi apresentado 17 vezes sem interrupção, nesse período houve várias modificações no texto, fruto de novas pesquisas históricas sobre o fato. A peça hoje é apresentada com  uma versão do diretor Franklin Pires. 
                A peça A Batalha do Jenipapo, criada de forma didática, para atingir o maior número de pessoas, principalmente a classe estudantil, sem dúvida, teve uma importância enorme para a discussão do tema em nosso estado. A peça era assistida por duas  a três  mil pessoas toda vez que era apresentada, e presenciada por ministros de estado e graduadas autoridades do judiciário, legislativo e executivo brasileiro. Neste sentido, o escritor Laurentino Gomes assistiu a peça e incluiu em seu livro de pesquisa histórica, de grande sucesso nacional, pequeno texto sobre o fato da independência no Piauí.
                 Sobre a Batalha do Jenipapo foram realizados no estado inúmeros fóruns, seminários, simpósios e debates puxados por entidades como a UFPI e escolas públicas e privadas. Quer dizer o tema tem sido bastante disseminado entre todos nós piauienses. Basta dizer que o dia 13 de março de 1823 foi incluído como data comemorativa na bandeira do estado. 
                Não temos dúvida, portanto, de reafirmar a importância que teve a Batalha do Jenipapo na configuração da independência de nosso país. Neste sentido, estiveram recentemente no Piauí a cineasta Tizuka Yamasaki e o diretor e roteirista Ricardo Favilla. A cineasta Tizuka teve audiência com o governador Wellington Dias,,no Palácio de Karnac, com a presença do deputado Fábio Novo e de Bid Lima, Secretaria de Cultura do Estado, levados pela produtora Leide Sousa e Norma Soelly. Na oportunidade a cineasta apresento proposta ao governador de realização de um filme documentário de ficção sobre a Batalha do Jenipapo.
              Tizuka Yamasaki, a reconhecida e premiada diretora de cinema, tem um projeto denominado de As Revoluções Esquecidas, que trata exatamente de fazer um resgate das revoluções importantes do Brasil que não tem merecido a devida consideração, visibilidade e divulgação nacional. Dessa forma, encaixa-se perfeitamente no perfil a Batalha do Jenipapo, por que por mais esforço que o governo do estado tenha feito até aqui, falta ao episódio essa visibilidade nacional. Por isso a proposta da cineasta ao governador.
              Seria de fundamental importância aproveitar as comemorações dos 200 anos da independência do país, daqui a três anos, para mostrar ao Brasil e ao mundo, a Batalha do Jenipapo através do cinema.Ainda mais pelas mãos de grandes cineastas como é o caso de Tizuka Yamasaki. E aqui não se trata de desvalorizar o pessoal de cinema piauiense, pelo contrário, é reconhecer que já fizemos muito, mas é reconhecer também que cinema é uma indústria cultural e alto investimento financeiro, de grande massa, e que precisamos ainda nos apropria de elementos que nos falta para atingir tal fim.
              Portanto, está na hora de nossa história ser vista país afora, mostrando nossos valores mais profundo, para o reconhecimento e a valorização do próprio país.. A Batalha do Jenipapo nas telonas feita por talentos nacionais, com a participação de nossos artistas, ganharia o Piauí e todos nós.
                   
                

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

UMA LIRA SERTANEJA - FINAL

           Falando de politica e governo Hermínio chegou a ser filiado ao partido Liberral, no tempo em que pertencer a um partido político era ter uma marca na testa e aguentar todo tipo de situação quando este partido não estava no poder. Era através do Jornal O Semanário que ele baixava baixava o pau no partido Conservador, escrevendo contra os adversários em forma de versos. O poeta também não deixou de cair nas armadilhas da politicalha quando, ás vesperas de uma eleição, inventou que o chefe de policia, a época Dr. Sousa Lima, tinha mandado dois homens atacá-lo na porta de sua casa, á Rua Senador Teodoro Pacheco, antiga Rua Bela. Claro, o chefe de policia pertencia ao partido do governo e a intenção era exatamente prejudicar a administração. Mas, o tiro saiu pela culatra, pois na investigação feita pela policia, descobriu-se que Hermínio tinha dado como prova do atentado uma mancha de sangue no batente de sua casa, proveniente de um tiro dado nele por um dos elementos. Tudo não passara de um blefe. Na realidade, a mancha de sangue encontrada no batente de sua casa era de um pinto. Hermínio não tinha sofrido atentado algum, o que o tornou um tanto ridiculo. Esse episódio ficou conhecido como o sangue do pinto.Abandonado até pelos amigos por causa da fato, Hermínio Castelo Branco viajou para Manaus, mas a saudade do Piauí não o fazia esquecer de sua terra. Em junho de 1889, Herminio sentiu-se mal e caiu doente, em Manaus. Voltou para Teresina, onde morreu, em agosto de 1889, de uma congestão cerebral.
           Apaixonado pelas coisas simples da natureza Herminio Castelo Branco exaltou como nenhum outro poeta piauiense do seu tempo, o povo de sua terra, deixando em sua obra a caracterização de paisagens pitorescas, de forma muita humana e poética. Belos versos bucólicos podemos destacar do Canto do Desterrado, onde as lembranças do trovador repercutem na alma.

                                               Tenho saudade dos bosques
                                               Das brenhas virgens, sombrias
                                               Dos tabocais intrincados
                                               Entre as vertentes mais frias
                                               Dos campos tenho saudade
                                               Onde eu brincava de tarde.

                                  Tenho saudade das fontes
                                   Dos olhos d'água vitais,
                                   Das cascatas naturais
                                   Das lagoas pitorescas
                                   E da sombra hospitaleira
                                   Da soberba gmeleira.

                                                Enfim, eu tenho saudade
                                                De todo o meu Piauí:
                                                Prefiro enterrar-me lá
                                                A ser imortal aqui
                                                E confio em Deus bondoso
                                                de ser ainda ditoso.

            A Lira sertaneja, de Hermínio Castelo Branco é um dos mais belos livros do cancioneiro popular piauiense, deve ser festejado e aplaudido por todos aqueles que o conhecerem, merecendo ser perpetuado ela fidelidade, o amor e o carinho com que o autor o escreveu. Um hino á terra e ao homem sertanejo.