terça-feira, 30 de junho de 2020

BALÉ DA CIDADE - IMAGENS DE PURO PRAZER.

                                                     Publicado no Jornal Diário do Povo,10.06.1998,


                O Balé da Cidade de Teresina completa cinco anos de existência, fundado que foi no ano de 1993, e imprime sua marca como a melhor companhia de dança do estado do Piauí, não só pelo amadurecimento artístico,  mas principalmente pelo aprimoramento técnico.
                   O que se viu no último dia seis, na Casa da Cultura de Teresina, quando o Balé da Cidade apresentou novas coreografias e outras já apresentadas ao público, foram imagens de puro prazer, prendendo o olhar dos convidados.
                O Balé da Cidade fez uma apresentação especial antes de viajar para São Paulo e Santa Catarina, para participar do VI Passo de Arte e do XVI Festival Internacional de Dança de Joinvile, neste evento dividirá o palco com companhias internacionais. Para um grupo que foi formado a partir de oficinas de dança realizadas no Teatro do Boi, bairro Matadouro, é uma curta mas belissima trajetória.
                    Das coreografias apresentadas há que se destacar "Fantasia Nordestina", onde um solo de clarinete permeia a cena com Asa Branca, e os bailarinos mostram o homem nordestino observando o mundo cada um a seu modo, mas sempre com alegria no olhar e no corpo, deuses da resistência sofrida. Logo após o solo desagua a música Feira de Mangaio, do Quarteto de Brasilia, aí é puro lirismo e poesia, levando o expectador ao delírio.
               A participação do Balé da Cidade nos dois importantes eventos de dança será com as coreografias "E Por Nós O Silencio" e "Malandragem". A primeira trata dos horrores da 2º Guerra Mundial, o exterminio de judeus, num dos mais horriveis capitulo da história humana. As imagens são fortes, numa linguagem expressionista, ressaltada por uma trilha sonora densa, onde os sentimentos de dor, medo e sofrimento, estampam o holocausto nos campos de concentração nazista. Assim o Balé da Cidade de Teresina denuncia e alerta aos homens contra qualquer forma de violência dos direitos humanos. A segunda coreografia é pura brasilidade. É o malandro romantico apaixonado por suas mulheres melindrosas. Época em que as noites eram de eternos bailes.
                  Patrocinado por uma vontade politica da Prefeitura Municipal de Teresina, que desenvolve um grande programa na área cultural, o elenco do Balé da Cidade, sob a direção de Sidh Ribeiro está buscando o aperfeiçoamento, ainda um longo caminho a percorrer. No entanto, a afinação do corpo de baile, a disposição e a disciplina dos seus integrantes, são pontos fundamentais que contam a favor do Balé, onde a graça, a beleza e o vigor dos bailarinos fazem com que a posiçao que hora desfrutam seja impar no cenário da dança piauiense.
                  Motivo de orgulho da cidade de Teresina.
                 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

A BELA OEIRAS


                                                            Publicado em agosto de 1998, Revista De Repente.

                Do alto do morro do Leme, junto a estátua de Nossa Senhora da Vitória, a cidade de Oeiras é bela e tranquila. A cidade mãe do Estado do Piauí nos dá uma sensação enorme de prazer. Já tinha andado em Oeira, mas a primeira vez que tive oportunidade de ficar alguns dias na cidade foi durante a realização da XVI Mostra de Teatro Amador do Piauí, realizada pela Federação de Teatro Amador do Piauí - Fetapi, nesse ano de 1998. Só assim pude sentir o quanto  Oeiras é bela e apaixonante. Sou um consumidor voraz das coisas da cidade, principalmente de sua literatura construida por seus filhos ilustres e outros que amam ao conhecê-la. Quem pode negar O.G. Rego de Carvalho, Nogueira Tapety, Dagoberto Carvalho, Expedito Rego e tantos outros, são textos belos e de puro amor. Cidade de uma cultura vasta, legou ao povo piauiense vultos históricos e artisticos que fizeram a nossa história como povo. Foi durante os seis dias de realização da Mostra de Teatro que tive oportunidade de conhecer melhor a cidade.
              O ponto de partida era sempre o Cine-Teatro Oeiras, construido a década de quarenta e totalmente reformado no governo de Freitas Neto. Com o apoio total e irrestrito, e as dicas de nosso anfitrião Carlos Rubens, o querido Bill guardião maior da cidade, conhecemos muito de sua história. As ruas, as vielas, as igrejas, os sitios, riachos, os bares e a noite de luar de Oeiras. Ali tudo respira um passado cheio de lições e glórias. Achei impressionante de como o povo de Oeiras ama sua cidade, e defende sua cidade. Pensei que fosse apenas coisa de ficcionista, quando os escritores e poetas de Oeiras escrevem sobre ela com o coração e a alma. Chegamos a pensar que é puro bairrismo, ufanismo bobo, ou mesmo uma certa prepotência, mas não. Oeiras é fascinante!
                 O Solar dos Ferraz, a Casa do Médico, o Sobrado Major Selémerico, a Casa da Pólvora, os retábulos da catedral, o Museu, o bairros dos negros, com a panelada de dona Rosário, o Riacho do Mocha, os sinos, a religiosidade e as lendas. Oeiras, com absoluta certeza, é uma cidade teatral. Imaginem quanto esforço fez o Conselheiro Saraiva para mudar a capital do Piauí de Oeiras para Teresina. Deve ter sido muito dificil convencer os Oeirenses. Merecia um texto dramático para contar essa história. Mas Bill me contou que Oeiras é cheia de lendas. Acreditamos. São coisas infinitas sobre uma cidade de infinitos encantos.Não poderia ser diferente, as pessoas de Oeiras são prestativas e delicadas, como que a fazer jus de tantos vultos sagrados e históricos da cidade.
                  Posso até fobar que conheço algumas figuras ilustres da cidade, que me honram muito, como Aurélio Melo, Ferrer Freitas, Rita Campos, Reinaldo Soares, O.G.Rego, e nosso Carlos Rubem. Falando em Reinaldo não podemos esquecer do Instituto Histórico de Oeiras que completou, no ano de 1997, vinte e cinco anos de existencia, sob a sua presidência. Instituto guardião da história e da memória da cidade, seus intelectuais e seus mistérios. Qua a cidade, sem dúvidas, tem de sobra.
                 A poesia, a literatura, a música e a cultura popular estão por toda a cidade. Principalmente a música. A cidade parece toda musical. Os Bandolins de Oeiras, Possidônio Nunes Queiros, um amor que une o povo de Oeiras com sua música. Posi, dito na voz de Carlos Rubens, foi autor de valsas universais, imortalizadas no CD Valsas Piauienses, com pesquisa do maestro Emmanuel Coelho Maciel. Posi, transmitiu não só seu amor pela cidade, mas pelas mulheres de sua cidade. Tive a oportunidade de lutar pela edição do CD e assistir seu lançamento no Cine-Teatro Oeiras, um um dia memorável. Possidonio Nunes Queiroz, que não assistiu o lançamento de suas valsas, é um imortal com suas composições que transcendem aos umbrais do tempo.
                Penso que os mistérios de Oeiras ainda estão por serem descobertos. Uma tarefa nossa!
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