segunda-feira, 15 de junho de 2020

A BELA OEIRAS


                                                            Publicado em agosto de 1998, Revista De Repente.

                Do alto do morro do Leme, junto a estátua de Nossa Senhora da Vitória, a cidade de Oeiras é bela e tranquila. A cidade mãe do Estado do Piauí nos dá uma sensação enorme de prazer. Já tinha andado em Oeira, mas a primeira vez que tive oportunidade de ficar alguns dias na cidade foi durante a realização da XVI Mostra de Teatro Amador do Piauí, realizada pela Federação de Teatro Amador do Piauí - Fetapi, nesse ano de 1998. Só assim pude sentir o quanto  Oeiras é bela e apaixonante. Sou um consumidor voraz das coisas da cidade, principalmente de sua literatura construida por seus filhos ilustres e outros que amam ao conhecê-la. Quem pode negar O.G. Rego de Carvalho, Nogueira Tapety, Dagoberto Carvalho, Expedito Rego e tantos outros, são textos belos e de puro amor. Cidade de uma cultura vasta, legou ao povo piauiense vultos históricos e artisticos que fizeram a nossa história como povo. Foi durante os seis dias de realização da Mostra de Teatro que tive oportunidade de conhecer melhor a cidade.
              O ponto de partida era sempre o Cine-Teatro Oeiras, construido a década de quarenta e totalmente reformado no governo de Freitas Neto. Com o apoio total e irrestrito, e as dicas de nosso anfitrião Carlos Rubens, o querido Bill guardião maior da cidade, conhecemos muito de sua história. As ruas, as vielas, as igrejas, os sitios, riachos, os bares e a noite de luar de Oeiras. Ali tudo respira um passado cheio de lições e glórias. Achei impressionante de como o povo de Oeiras ama sua cidade, e defende sua cidade. Pensei que fosse apenas coisa de ficcionista, quando os escritores e poetas de Oeiras escrevem sobre ela com o coração e a alma. Chegamos a pensar que é puro bairrismo, ufanismo bobo, ou mesmo uma certa prepotência, mas não. Oeiras é fascinante!
                 O Solar dos Ferraz, a Casa do Médico, o Sobrado Major Selémerico, a Casa da Pólvora, os retábulos da catedral, o Museu, o bairros dos negros, com a panelada de dona Rosário, o Riacho do Mocha, os sinos, a religiosidade e as lendas. Oeiras, com absoluta certeza, é uma cidade teatral. Imaginem quanto esforço fez o Conselheiro Saraiva para mudar a capital do Piauí de Oeiras para Teresina. Deve ter sido muito dificil convencer os Oeirenses. Merecia um texto dramático para contar essa história. Mas Bill me contou que Oeiras é cheia de lendas. Acreditamos. São coisas infinitas sobre uma cidade de infinitos encantos.Não poderia ser diferente, as pessoas de Oeiras são prestativas e delicadas, como que a fazer jus de tantos vultos sagrados e históricos da cidade.
                  Posso até fobar que conheço algumas figuras ilustres da cidade, que me honram muito, como Aurélio Melo, Ferrer Freitas, Rita Campos, Reinaldo Soares, O.G.Rego, e nosso Carlos Rubem. Falando em Reinaldo não podemos esquecer do Instituto Histórico de Oeiras que completou, no ano de 1997, vinte e cinco anos de existencia, sob a sua presidência. Instituto guardião da história e da memória da cidade, seus intelectuais e seus mistérios. Qua a cidade, sem dúvidas, tem de sobra.
                 A poesia, a literatura, a música e a cultura popular estão por toda a cidade. Principalmente a música. A cidade parece toda musical. Os Bandolins de Oeiras, Possidônio Nunes Queiros, um amor que une o povo de Oeiras com sua música. Posi, dito na voz de Carlos Rubens, foi autor de valsas universais, imortalizadas no CD Valsas Piauienses, com pesquisa do maestro Emmanuel Coelho Maciel. Posi, transmitiu não só seu amor pela cidade, mas pelas mulheres de sua cidade. Tive a oportunidade de lutar pela edição do CD e assistir seu lançamento no Cine-Teatro Oeiras, um um dia memorável. Possidonio Nunes Queiroz, que não assistiu o lançamento de suas valsas, é um imortal com suas composições que transcendem aos umbrais do tempo.
                Penso que os mistérios de Oeiras ainda estão por serem descobertos. Uma tarefa nossa!
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