quarta-feira, 15 de julho de 2020

FESTIVAL DE VIOLEIROS, 25 ANOS DE UM VENCEDOR

                                                        Publicado no Jornal Diário do Povo, 29.08.1998


                Vinte e cinco anos de evento símbolo da cultura popular  de uma região, o Festival de Violeiros do Norte e Nordeste termino sua última edição no dia vinte e três passado, em Teresina, comemorando suas bodas de prata em um coroamento de sucesso absoluto desse quarto de século.
                 Um evento para prosperar tanto tempo é preciso que tenha alguns ingredientes indispensáveis na sua trajetória, entre os quais, profissionalismo, organização, competência e público alvo. É na somatória desse conjunto que ele se realiza e se espalha para o grande público, levando a uma simbiose entre os participantes do evento e a plateia que ama o repente. E ainda, os admiradores, os simpatizantes, os pesquisadores e os estudiosos do assunto.O que se viu no Teatro de Arena, durante os dias 20 a 23 de agosto foi uma plateia delirante e entusiasmada e, pasmem, formada por grande número de jovens o que, seguramente, promete vida cada vez mais longa ao repente, a viola  e a literatura de cordel.
                Criado em 1971, o Festival de Violeiro do Norte e Nordeste atravessou o tempo vencendo dificuldades, verdadeiras guerras de negativas, para chegar a vitória com um sabor digno de um grande vencedor. Não é brincadeira o que se tem estudado sobre o repente motivado pelo Festival, e o que se tem produzido de Cds, folhetos e livros. A Casa do Cantador hoje é passagem obrigatória de estudantes e pesquisadores assombrados com a fora e a comunicação da literatura de cordel.
                   Incorporado ao calendário civico do aniversário de Teresina, em 1975, pelo então prefeito Wall Ferraz, o Festival de Violeiros do Norte e Nordeste é um dos únicos festivais da área em que a participação dos repentistas se dá de forma total e sem nenhuma restrição restrição a dupla de violeiros, portanto, o festival mais democrático do país. Neste sentido, tem descoberto verdadeiros talentos da viola num congraçamento salutar de cordialidade, por que o evento também não é competitivo. É interessante um iniciante ao lado de violeiro veterano, verdadeira aprendizagem aos olhos do público. Assim, o Festival de Violeiros do Norte e Nordeste cumpre com o papel de realizar o sonho daqueles que almejam  a carreira de repentistas ou mesmo daqueles que só cantam uma vez ali por qualquer motivo ou mesmo por que o talento lhes falta para tentar outra vez. De qualquer forma o Festival realizada sonhos.
               Um grande evento não seria possivel chegar ao coração do povo sem que por trás haja a figura de um grande idealizador, talvez, um dos fatores mais forte para o sucesso. No Festival de Violeiros do Norte e Nordeste temos a figura impar, carismática e talentosa do professor Pedro Mendes Ribeiro, alma e vida daquele evento. Ao completar vinte e cinco de existência  sob o seu comando, dá-se o exemplo de como a persistência, o desprendimento e o amor pela cultura podem fazer a diferença na hora da realização de um empreendimento que, aparentemente, seria fácil de conduzir. O professor Pedro Mendes Ribeiro mostrou na sua obstinação que a cultura liberta de amarras e fez da literatura de cordel, da Casa do Cantador e do Festival de Violeiro do Norte e Nordeste, m exemplo para o país e para o mundo de que a cultura popular é rica e densa de saber, e que merece ser valorizada por todos.