domingo, 13 de abril de 2014

O MISERÊ CULTURAL E A FALTA DE ÉTICA.


          Há pouco mais de uma mês, a Escola Técnica Estadual de Teatro Gomes Campos, foi pega de surpresa com a troca de sua direção. A primeira vista, um fato absolutamente natural. No entanto, surpreendeu  o corpo docente e discente e,  ainda, a classe teatral vertente cultural mais ligada á escola. 
          É bom colocar  que a Escola de Teatro, apesar de todos os pesares da sua péssima estrutura e da falta de equipamentos, ainda é o único lugar em Teresina onde estudantes e pessoas interessadas aprendem teatro de forma sistemática, e recebem um diploma validado pela Secretaria Estadual de Educação e Cultura. Neste sentido, ela tem uma importância enorme na capacitação do artista de teatro piauiense, e sobremaneira, na mudança da visão teatral de quem por ela passa e conclui o curso de Técnico  em Arte Dramática.
          Mas se não bastasse o descaso em que sempre foi relegada  a Escola de Teatro, eis que  a Fundação Cultural do Piauí, há cerca de dois anos, intrometeu-se na sua gestão e indicou sua diretora, inclusive, passando por cima de  uma lista tríplice com nomes de professores da instituição, indicados pelos seus pares. Todavia, a tentativa da Fundac em administrar a Escola falhou completamente, uma coisa absolutamente previsível, uma vez que aquele órgão vive constantemente no miserê cultural, e não deu suporte á gestora indicada e ela pediu demissão. O corpo docente da Escola indicou, então, uma professora das mais competentes do seu  quadro que foi nomeada pelo ex-secretario de Educação.
         A primeira tentativa da Fundac em colocar um gestor da Escola de Teatro falhou. No entanto, mais uma vez, agora usando de uma  politicalha mesquinha e da maior falta de ética possível, o deputado Fábio Novo, no apagar das luzes do governo passado, indicou o novo diretor da Escola, pegando a todos de surpresa, num gesto de descortesia não só com o corpo administrativo da Escola, mas com sua própria Diretora, que nem sequer foi comunicada da sua exoneração.
        Longe de querer ser ingênuo em não saber que essas coisas acontecem, nem também de querer denegrir a imagem de ninguém. O que nos causou espanto, não só a mim, foi o fato do Diretor colocado pelo deputado ter sido gestor do Departamento de Ação Cultural da Fundac e, ele próprio, não ter  levantado uma palha pela Escola quando estava naquele cargo que, presume-se, seja hierarquicamente maior do que o de um diretor escolar. O que pensar agora?
        O deputado Fábio Novo comandou mais de três anos, dos bastidores,  os destinos da cultura do Piauí. O nosso desenvolvimento cultural do período caminhou a passos de cágado, e não saiu do miserê cultural. Ao colocar seus protegidos nos cargos da entidade, fato normal no jogo politico, como quase sempre acontece, parece que não prezou pela competência. Agora  impor uma pessoa  de goela abaixo a toda uma estrutura só por que detém o poder da indicação, é passar por cima de qualquer ética. Afinal de contas uma Escola não é um brinquedo, e nem as pessoas que trabalham nela são joguetes.
        Esperamos que tudo passe, e que não haja danos maior á Escola. Por que o que ela precisa são de pessoas compromissadas com seu destino, e com o desenvolvimento cultural do Piauí.