quinta-feira, 27 de abril de 2017

A LÁGRIMA


              Coisa sagrada, a mulher. Não para profanar, pecar ao tocá-la. Mas para cuidar, acariciar, proteger, amar. Nada mais lindo para ele do que o seio. Parte mais bonito do corpo da mulher. Era ali, onde estava a essência da beleza, e a diferença do ser feminino. Tocar aquela parte feminina era experimentar a sensível pulsação da vida.
               Portanto, idealizava a mulher. Um ser puro, até prova ao contrário. E o contrário para ele era sempre doloroso, pois o que contava era a imagem mental, fosse qual fosse a imagem física. Assim amava todas elas, com suas diferenças, suas carências, seus problemas. Não era uma questão de fragilidade. A mulher não pode ser frágil se tem a fortaleza de gerar seres, e de possuir importância fundamental para a perpetuação da raça humana.
               Muitas vezes se via na mais cruel das indecisões. Escolher entre dois amores. O ideal do amor não é a exclusividade, é a própria abundância do amor. Não era escolher a quem amar, e deixar   quem o ama. Não era um pensamento machista, era a idealização do amor. Os pais podem escolher um filho, o filho pode escolher o pai ou a mãe, o amigo pode escolher o melhor entre os amigos, mas o amor é de todos. Bem, era assim que pensava. E era assim que sofria em ter de escolher. 
             Mas se o seio era a parte  mais bonita que achava em uma mulher, a lágrima era como a extensão de sua alma. Desmoronava simplesmente diante de uma lágrima de mulher. Nem se perguntava qual o motivo, a causa, a razão. Uma lágrima de mulher lhe deixava possesso, furioso, mais homem, querendo se vingar do mundo. E aqui estamos falando da lágrima sentida, chorada, vinda do fundo da alma. Para ele todo homem deveria ter o mesmo sentimento que ele tinha diante de uma lágrima de mulher. Assim talvez fosse mais homem, capaz de amar mais. E proteger.
             Dessa forma, era que amava as mulheres. E amava mais. E, como homem, fazia sua parte. Mas ele era apenas um homem. O que pensando bem, não é pouco.