terça-feira, 17 de julho de 2018

BASTIDORES DA CENA TEATRAL PIAUIENSE - I


          A história do teatro piauiense é riquíssima de fatos e acontecimentos de bastidores, muitos deles de conhecimento geral da classe teatral. Para nós, que vivemos tanto tempo nos bastidores, aliás nossa função de diretor e produtor nos dar essa condição, vivemos inúmeros desses acontecimentos. Muitos deles alegres, outros tristes, mas quase sempre hilários. Vamos relatar alguns desses fatos para o deleite de nossos leitores.
            Sobre a produção de teatro, quase sempre atribulada e cheia de percalços. Aconteceu com o diretor de teatro Santana e Silva, um dos grandes nomes da nossa cena. Ele estava em cartaz com a peça "Eu Chove, Tu Choves, Ele Chove", no Theatro 4 de Setembro, no início dos anos oitenta. Na peça existia, como elemento cenográfico, grandes guarda-chuvas, referentes ao próprio tema do espetáculo. Acontece que na hora de começar a peça, onde estava os guarda chuvas? A produção tinha esquecido em casa e não dava mais tempo de ir buscar. Solução: Santana foi ao bar do Toinho, ao lado do Theatro, e solicitou ao mesmo quatro imensos guarda sol da Brahma, aqueles que formavam toldos, e fez a peça exibindo a propaganda da cerveja no palco. Não custa dizer que a peça era dirigida ao público infantil. Acontece que naquela época a cervejaria Antártica tinha sido implantada no Piauí, e patrocinava a cultura do Estado. Pois o dito cujo gerente da cerveja estava na plateia com seus filhos. Quando terminou a peça o sujeito procurou Santana e Silva, e foi taxativo - Você tem que tirar a brahma daí, nós vamos patrocinar a peça. Santana não entendeu nada, mas fechou o negócio. 
            Mas essa aconteceu em Vila Velha, Espírito Santo, no III Congresso Nacional de Teatro Amador, no ano de 1985. Naqueles anos o teatro era politizado ao extrema, e os grupos políticos partidários se digladiavam pelo poder da Confederação Nacional de Teatro Amador, orgão que comandava os destino do teatro de grupos nacional. No Congresso haveria eleição para a Confenata, então, quase nada de teatro era discutido, no entanto, a política comia solta com discussões varando a noite. No dia da eleição não chegou-se a um consenso sobre chapa única. Foi um deus nos acuda. O presidente do Congresso, na hora da eleição, deu dez minutos para apresentação de chapas. A surpresa foi a apresentação de uma chapa encabeçada por Antonio de Paula Silva, o Beleza, um ator e palhaço piauiense. Surpresa total, até para a delegação do nosso Estado. Corremos todos perguntar ao Beleza que história era aquela, mas ele não abriu mão e disse que iria apresentar sua chapa. Quando chamado a mesa para inscrever a tal de chapa, ele puxou a dentadura da boca e mostrou para a plateia. Foi um urro geral no auditório. Piauí criticado por tal feito. Segundo Beleza era seu protesto pela politização do movimento em detrimento da discussão teatral. Justo então.