domingo, 10 de agosto de 2014

MEU PAÍS DO FUTEBOL


        Adoro a vibração, a alegria e a explosão da torcida durante uma partida de futebol; Gosto da força,  da saúde, da garra e da beleza dos dribles dos jogadores no campo. Mas confesso que uma das únicas coisas que não discuto é futebol, acho completamente inútil.
        A primeira vez que assisti a uma copa do mundo pela televisão foi em 1970 quando o nosso país estava em plena ditadura e o Brasil sagrou-se tri -campeão mundial. Eu sabia de cor o nome de todos os jogadores da seleção, eles eram nossos deuses do gramado, salvadores de uma pátria que sangrava nos  nos porões da repressão. Aliás, a primeira e última vez que fui a um estádio de futebol foi para ver Tiradentes do meu Estado e Botafogo do Rio de Janeiro, ou melhor para vê Jairzinho, o furacão da copa e Carlos Alberto Torres, o eterno capitão.
         Como acho detestável discutir futebol foi isso que me afastou dos estádios, pois as pessoas ao seu lado não se contentam com o jogo teimam sobre tudo, xingam o juiz, a mãe do juiz, os técnicos, os jogadores, e são capazes de lhe matar com uma tijolada na cabeça se você discordar delas. Um horror! Outra coisa deplorável para mim é ver os torcedores imitando seus  ídolos - cabelos, bigodes, cuecas, perfumes, tudo eles usam para se parecer com eles, seus ídolos. Ridículo! Agora, jamais direi alguma coisa contra, quero permanecer vivo.
         Meu país do futebol talvez não seja como o país do futebol de milhões de brasileiros, talvez não, tenho certeza que não é mesmo. Meu país do futebol é o país da leitura, da boa saúde, da não violência e da educação de qualidade; meu país do futebol é o país onde as pessoas assistem teatro, balé, shows musicais e apreciam exposições de arte, e assim viajam na imaginação, bem alimentados de corpo e espírito. 
         Se naqueles longe anos de 1970 eu sabia decorado o nome de todos  os jogadores da seleção brasileira, confesso que atualmente não sei o nome sequer de dois deles. Desinteresse meu? Não, pois continuo gostando de futebol, mas é que eles, ao contrário daqueles jogadores dos anos setenta, são deuses para o povo sem terem feito nada para isso. A maioria deles nem sequer moram no seu país, e muitos deles são feitos pela mídia, e ainda por cima, multimilionários parecem pairar sobre os mortais. Muitos deles vendem a alma para se manter no topo, ou então, estão no topo por que já não tem alma.
         Não fiquei triste por que perdemos a copa do mundo, absolutamente. Mas também não disse isso para ninguém.com medo de pegar um murro no olho daqueles mais exaltados. Mas é que bastava ter um pouco de senso para saber que não seríamos campeão. Como ganhar a copa do mundo jogando todas as fichas em apenas um jogador? Até aí tudo bem, poderia ser. Mas como ganhar a copa do mundo se o jogador colocado para meter gols não meteu um sequer?
          Fiquei arrasado mesmo, caído e triste foi com a alegria do time adversário que nos tirou da copa. O sorriso dos alemão cada vez que metiam um gol no Brasil não era por estar goleando o país do futebol, não! A alegria deles era por saberem que ali estava o resultado do esforço de um país que aprendeu a sair da adversidade. No sorriso daqueles jogadores estava a alegria de uma nação que reaprendeu muitas coisas, inclusive a jogar futebol. Meu país do futebol precisa  aprender muitas coisas, nclusive, reaprender a jogar futebol..
                                                                                                    18.07.2014

domingo, 3 de agosto de 2014

PONTO PARA A DANÇA


       Participamos de mesa redonda, no dia primeiro último, do Forum Minuto Para a Dança, uma realização da Cia. Luzia Amélia e do pessoal da dança, onde estavam Lary Sales, Luzia Amélia e Jairo Araújo. Foi um momento interessantíssimo, onde se propôs, e já saiu quase concretizado, a criação da Câmara  Setorial de Dança do Estado. Uma demonstração de organização e amadurecimento.  Ponto para a dança.
      Sabemos que é um ponto dos mais significativo a criação do Setorial de Dança, mas sabemos, também, que a luta começa a se aprofundar agora. Em primeiro lugar, o pessoal de dança acaba com aquela impressão que é quase um lugar comum de que são  desunidos e, com isso, também, acaba com um dos velhos  argumentos de opressão dos orgãos oficiais de cultura, que sempre alegam a desunião da classe artística para jogar contra. Por outro lado, é um instrumento importante de pressão e vai, com absoluta certeza, forçar tanto a Fundação Cultural Monsenhor Chaves como a Fundação Cultural do Piauí a rever a estrutura de seus arcaicos Conselhos, pois não se admite mais dois orgãos que trabalham para dimensionar a cultura tanto a nível municipal como a nível estadual, manter Conselhos totalmente fora do que preconiza as diretrizes da política de cultura nacionalç.
     Quando colocamos que a luta começa a se afunilar agora, com a criação dos Setoriais, tanto de dança como de teatro - que o Sated-PI vai concretizar - é por que precisa-se ser bastante claro que o Setorial é apenas mais um instrumento da classe, claro, dos mais valorosos, mas isso de nada vai importar se a organização e a união de cada setor não prevalecer na hora da pressão, na hora da reivindicação e da defesa daquilo que realmente importa para cada setor.
      Por outro lado, os orgãos públicos de cultura do Municipio e do Estado, que em tese seriam para investir e difundir as políticas públicas de cultura vão ter que mudar o discurso e, no mínimo, tentar acompanhar a evolução dos fatos. Chega de tanta improvisação e de tanto miserê cultural. De uma coisa temos certeza, com a organização e a união da classe artística, acaba-se um velho argumento que parece uma coisa do imaginário popular - a de que os artistas são desunidos. Vamos acreditar.