sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

EMPREENDEDORES CULTURAIS E O SIEC


        No último mês de dezembro, ao findar do ano, encontraram-se com o Secretario de Estado da Cultura, Deputado Fabio Novo, onze pequenos produtores culturais, representando quinze projetos aprovados pelo Sistema Estadual de Incentivo a Cultura - SIEC. Quando colocamos pequenos produtores, referimo-nos a média orçamentária dos projetos aprovados, nunca superior a quarenta mil reais.
         A pauta tratada no encontro foi tão somente o SIEC. Todos os empreendedores se colocaram e ouviram as ponderações do Secretario, dentro do respeito e da ética. Na demanda principal, as dificuldades de captação de recursos junto a iniciativa privada. Foi unânime o  desinteresse da maioria das empresas que aplicam na Lei em apoiar os pequenos projetos. A preferência é dada aos grandes projetos com retorno de mídia imediata. Claro, uma opção dessas empresas. A solicitação ao Secretario foi no sentido de que o fizesse intermediação juntos aos investidores e os pequenos produtores, para captação de seus projetos. Fez-se ver, que a concorrência predatória e, as vezes, desleal da maioria dos grandes empreendedores culturais, inclusive, com pagamento de propina, termina contaminando o Sistema, e atingido os pequenos. Neste sentido, os presentes colocaram que os pequenos projetos são de fundamental importância para movimentar a economia criativa do Piauí. Essa demanda foi prontamente atendida pelo Secretario.
        Mas teve outras solicitações, e reclamações. Pediu-se a prorrogação dos certificados de todos os projetos que não conseguiram investimento, principalmente dos projetos permanentes. De pronto, o Secretario afirmou ser impossível, pois todos os certificados perdem a validade no final do ano, com a extinção do número que o identifica no sistema da Secretaria de Fazenda. Isso foi discutido e compreendido pelos produtores.
        Bateu-se na velha tecla de que o SIEC precisa ser mais divulgado entre os investidores, uma divulgação técnica, pois o investidor precisa ter segurança do retorno de seu investimento junto ao governo, e não apenas o retorno de estar aplicando em um projeto cultural.
         Uma das questões mais sérias do SIEC, sem dúvida, ocorre na sua operalização. É impossível o corte de 40,50 e até 60 por cento no orçamento de um projeto, e aprová-lo. Peca o Conselho da Lei e peca o produtor que aceita o corte. De duas uma, ou o Conselho tem medo em reprovar projetos ou o produtor superfaturou o mesmo. No primeiro caso, o Conselho poderia chamar o empreendedor para rediscutir o projeto, está na Lei,, no segundo, se o produtor recebeu com cortes que inviabilize o projeto, tem consequências terríveis para a produção cultural, pois saem produtos mal feitos, mal realizados, e sem visibilidade nenhuma para o mercado. Neste sentido, uma das soluções seria o Conselho se valer de pariceristas, técnicos em projetos, que poderiam auxiliar os Conselheiros. Isso, inclusive, acabaria com outro gargalo do próprio SIEC, que é ter apenas uma pessoa para sistematizar e colocar em pauta do Conselho todos os projetos.
         Foi marcante o diálogo dos produtores com o senhor Secretario, uma demonstração de civilidade, sem o ranço da pura e simples reclamação. O mais importante foi a demonstração de resolução da demanda maior dos produtores, quando todos os projetos ali representados foram devidamente captados, com a anuência firme do Secretario, o que representou 16,65 por cento do percentual orçamentário aprovado pelo SIEC que, seguramente, iam ficar sem captação, com prejuízo imensurável para a cultura do Estado.
           A reunião fez alegrar produtores culturais, e fazer pensar que a união e o diálogo, unido a determinação certamente são apontamentos seguro para todos.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

LUCY VANESS, UMA HISTÓRIA - FINAL

           Quando terminei de tomar o café de Dona Miquilina, diga-se um belo desjejum que me tirou de uma fome canina, estava disposto a resolver a parada com a filha do casal, de uma vez por todas. Ora, bolas, onde já se viu tamanha hipocrisia? A moça, que não era mais moça, querendo se aproveitar de minha pessoa! Ainda mais acobertada pelos pais! E o tal de doutor Ambrósio, qual o papel dele? Putz, vão se a merda!
          - Bem, o negócio é o seguinte. Casar com Lucy eu não caso, não - Disparei.
          - Como é que é, moço? Interrogou Dona Miquilina, incrédula.
          - Vou casar, por que?...
          - O senhor dormiu com a minha filha! Quase grita a mulher.
          - Calma, Miquilina - Disse seu Deodato.
            Mas Dona Miquilina não se acalmou. E me fez acreditar que se eu não cassasse com sua filha não sairia ileso daquele lugar. Ileso, era modo de falar. Não sairia vivo, mesmo. 
         - Mas porque, minha gente?
           Ai me fizeram ver que eu tinha sido o único de coragem a dormir com Lucia Antonia, apesar dela já ter corneado o tal de doutor Ambrósio várias vezes, sempre com rapazes de fora. Bem, isso já tinha me dito o primo Pedro. Mas é daí?
        - Doutor Ambrósio não vai perdoar o senhor ter dormido com a namorada dele. E o desgraçado é mau que só um pica - pau. Se o senhor não casar com minha filha pode se despedir da vida, viu.
          Meu esse seu Ambrósio vai deixar eu casar com a namorada dele, mulher, sei lá?
        - Casar e levar Lucia Antonia daqui. Isso ele aceita - Encerrou Dona Miquilina.
           Meu Deus que loucura. Onde eu tinha metido meu saco. Dona Miquilina tirou a mesa do café e saiu  para a cozinha. Seu Deodato me confidenciou.
       - Moço, Miquilina, é meio avexada. Essa história de casamento...deixa pra lá. O que o senhor tem de fazer mesmo é levar Lucia Antonia daqui pra cidade. Faça de conta que vai casar com ela por lá.
        - Mas o tal de doutor Ambrósio, seu Deodato? É capaz de me matar.
        - Coisa de Miquilina, rapaz. Tudo fachada. Basta levar Lucia Antonia pra cidade e está tudo resolvido. Acredite.
       Fiquei mais calmo. Foi quando entrou Lucia Antonia na sala, mais bonita do que o desabrochar de uma rosa. 
       - Meu pai, bom dia. E tu, Tony?...Pelo visto já foi tudo conversado.
         Ela me abraçou e eu sentir como eu era frágil e tolo diante daquela moça.
      - Já, minha filha, já foi tudo conversado. O rapaz aí...
      - Antonio, meu pai...
      - Antonio Felinto...
      - O rapaz vai lhe levar para a capital.
         Os olhos de Lucia Antonia, a Lucy Vaness brilharam intensamente. E ela mais uma vez se jogou em meus braços.Não tive como não abraçá-la e sentir toda a rigidez e fortaleza daquele corpo.
     -Meu Deus, que bom! Vou me arrumar. Até que enfim vou sair dessa terra, meu pai!
      E foi assim que conheci Lucy Vaness e trouxe ela comigo para a capital. No caminho pude sentir e presenciar sua alegria por ter saído do lugar onde nasceu e viveu até ali. No caminho ela me contou  que trazia com ela o endereço de uma amiga, que há muito tempo, morava na capital.Disse também que não me preocupasse com ela, pois estava preparada para enfrentar a vida na cidade grande. Fora para isso que ela aprendera todas as artimanhas que uma mulher pode usar para adquirir o que quer. 
       Quando chegamos na cidade deixei Lucia Antonia no local que ela pediu. Era lá que morava a amiga dela. Passo muito tempo sem ver Lucy Vaness. Agora uma mulher mais do que dona de si. Dona daquilo que quer.