segunda-feira, 22 de agosto de 2022

FAZENDO TEATRINHO.

             Ouvimos muito as expressões - Isso não passa de teatro; Ele está fazendo teatro! Isso é só teatrinho! Na boca de muitos politicos em debates acalorados, quando algum deles está sendo destratado pelo colega de parlamento. Para quem entende de teatro as expressões, no calor do debate,  não passam de aberrações. Para o público em geral, mesmo que ele entenda a palavra teatro, gera uma terrivel distorção.

            Nem tudo que é representado, mesmo em um palco de teatro, pode ser chamado de teatro. Imagine um politico xingando o outro no púlpito do parlamento. Para acontecer a representação teatral é preciso todo um processo, e esse processo inclui signos teatrais e, ainda, o que chamamos de tríade do teatro, ou seja: o ator, o texto e o público.

            Tudo bem, pode-se fazer teatro em qualquer lugar sem necessariamente ser preciso toda a parafernália do palco. No entanto, mesmo assim é preciso o elemento de elo na representação, quem estar atuando e quem está assistindo. Se o deputado ou qualquer outro politico que vocifera contra seu colega que o está xingando, e diz que ele está fazendo teatrinho, é o fim da picada! Primeiro é que a tribuna não é um palco e segundo a assistência não é plateia.

            Se bem que tem alguns politicos que se caracterizam, impostam a voz e fazem gestos teatrais, só que o público que esta ali assistindo, seja seus pares ou uma plateia, não estão investidos do propósito de assistir teatro. Então, perde aquele politico que está destilando suas bostinha azedas, fazendo todo tipo de marmota, menos teatro. Mas o colega dele continua a dizer - Não passa de teatro.

            Pode até ser que na intenção do político ele esteja representando, na intenção não, com certeza ele esta representando suas mentiras e e enrolações para seu público. Menos representando teatro. 

        

             

terça-feira, 2 de agosto de 2022

A HISTÓRIA DA FOTO 6

        


                 1986, a foto é do cartaz da X Mostra de Teatro Amador do Piauí, realizada pela Federação de Teatro Amador do Piauí - FETAPI, do dia 08 a 15 de dezembro daquele ano. No entanto, o que se sobressaiu no cartaz foi o titulo Semana Brecht: Um Teatro Pela Paz, criado pelos novos dirigentes da entidade.

                  A Semana Brecht: Um Teatro Pela Paz, enguliu totalmente o evento da X Mostra de Teatro, pois se tornou, digamos assim, a preferência de todos não só pela homenagem dos 30 anos de morte do dramaturgo alemão, mas pela presença de figuras ilustres do teatro brasileiro como a atriz Lélia Abramo, o diretor de teatro Aderbal Freire Filho e o dramaturgo João das Neves. A paparicação foi grande.  Aderbal Freire ministrou oficina no Theatro 4 de Setembro, de grande frequencia.

                  Todavia, o clima nos bastidores do evento não era dos melhores entre os amadores. Naquele ano a Federação de Teatro Amador do Piauí vivia seus últimos anos de glória, e a luta pela hegemonia da entidade corria solta nos bastidores. Havia até a ameaça da divisão da FETAPI em duas, ou seja aquela que representaria os verdadeiros amadores e aquela que representava os profissionais que continuavam a mandar no orgão. Pura luta de poder, afinal todos eram amadores.

                 Dois episódios marcaram sobremaneira minha presença no evento, primeiro por ter apresentado na Mostra, e sendo visto por Aderbal e Lélia Abramo, o espetáculo de minha autoria Elzano, Os Últimos Dias, peça montada pelo Grupo Raízes e dirigida por Lorena Campelo. Fazia um resgate do assassinato do carteiro Elzano, ex-ator do Grupo. Foi muito bem recebido, mas na critica do jornalista e ator Durvalino Couto, publicado no Jornal O Dia, a melhor coisa que eu teria que fazer era jogar a peça numa lata de lixo. esse era o clima da Mostra.

               Dessa critica, houve uma resposta da atriz e diretora do espetáculo publicada também no Jornal O Dia, em que Lorena cita Durvalino, um dos atores do espetáculo Jogral, em homenagem a Bertold Brecht, em que teve a participação de Lélia Abramo, como um ator mongoloide ao interpretar poesias de Brecht.

               Tempos bons em que nada impedia a discussão aberta, e sem linguagens socialmente corretas, do que ocorria nos bastidores da cena piauiense.