terça-feira, 2 de agosto de 2022

A HISTÓRIA DA FOTO 6

        


                 1986, a foto é do cartaz da X Mostra de Teatro Amador do Piauí, realizada pela Federação de Teatro Amador do Piauí - FETAPI, do dia 08 a 15 de dezembro daquele ano. No entanto, o que se sobressaiu no cartaz foi o titulo Semana Brecht: Um Teatro Pela Paz, criado pelos novos dirigentes da entidade.

                  A Semana Brecht: Um Teatro Pela Paz, enguliu totalmente o evento da X Mostra de Teatro, pois se tornou, digamos assim, a preferência de todos não só pela homenagem dos 30 anos de morte do dramaturgo alemão, mas pela presença de figuras ilustres do teatro brasileiro como a atriz Lélia Abramo, o diretor de teatro Aderbal Freire Filho e o dramaturgo João das Neves. A paparicação foi grande.  Aderbal Freire ministrou oficina no Theatro 4 de Setembro, de grande frequencia.

                  Todavia, o clima nos bastidores do evento não era dos melhores entre os amadores. Naquele ano a Federação de Teatro Amador do Piauí vivia seus últimos anos de glória, e a luta pela hegemonia da entidade corria solta nos bastidores. Havia até a ameaça da divisão da FETAPI em duas, ou seja aquela que representaria os verdadeiros amadores e aquela que representava os profissionais que continuavam a mandar no orgão. Pura luta de poder, afinal todos eram amadores.

                 Dois episódios marcaram sobremaneira minha presença no evento, primeiro por ter apresentado na Mostra, e sendo visto por Aderbal e Lélia Abramo, o espetáculo de minha autoria Elzano, Os Últimos Dias, peça montada pelo Grupo Raízes e dirigida por Lorena Campelo. Fazia um resgate do assassinato do carteiro Elzano, ex-ator do Grupo. Foi muito bem recebido, mas na critica do jornalista e ator Durvalino Couto, publicado no Jornal O Dia, a melhor coisa que eu teria que fazer era jogar a peça numa lata de lixo. esse era o clima da Mostra.

               Dessa critica, houve uma resposta da atriz e diretora do espetáculo publicada também no Jornal O Dia, em que Lorena cita Durvalino, um dos atores do espetáculo Jogral, em homenagem a Bertold Brecht, em que teve a participação de Lélia Abramo, como um ator mongoloide ao interpretar poesias de Brecht.

               Tempos bons em que nada impedia a discussão aberta, e sem linguagens socialmente corretas, do que ocorria nos bastidores da cena piauiense.

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