segunda-feira, 2 de novembro de 2020

ESTADO, SOCIEDADE E CULTURA

                                                                 Jornal O Dia - 05 de novembro de 1991


                Neste dia cinco de novembro, reservado as comemorações culturais, poderíamos despejar um leque de lamentações a toda sociedade, pois bastaria a colocação: a cultura piauiense tem alguma coisa a comemorar no seu dia? Poderíamos até lembrar alguns eventos como a Semana dos Folguedos, o Salão Internacional do Humor, e outros de pequenos portes, mas como o próprio nome diz são eventos, somem com o próprio vento. Decididamente a cultura não pode viver somente dessas promoções, pois torna-se um circulo vicioso. O que fazer?

                A nova Constituição do Brasil reafirma e amplia a responsabilidade do Estado na questão cultural, principalmente no tocante aos documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens e os sítios arqueológicos. Se a própria Constituição define o papel a ser desempenhado pelo Estado, deve-se considerar que a cultura em geral e a arte em particular só se desenvolve em clima de liberdade. Na medida em que o artista goze de autonomia, a criatividade nas artes alcança a sua expressão mais elevada, portanto, não cabe ao Estado produzir cultura, mas sim criar condições necessárias para o seu desenvolvimento. Ao viver somente de eventos os orgãos culturais estão desenvolvendo e estimulando a cultura? Os eventos vivem por si só? O que dizer do dia-a-dia da cultura? Onde está o incentivo ao teatro, a música, ás artes plásticas, a literatura?

               Reafirmamos que ao Estado não cabe produzir cultura, mas sim criar condições para que ela se desenvolva, e entende-se como criar condições ao desenvolvimento cultural a atuação do Estado em vários aspectos. Para isso é fundamental a vontade política de investir na cultura.O investimento em todas as áreas é gerador de riquezas e desenvolvimento, de recursos e empregos. Porque não  estimular e valorizar a formação de profissionais para atuação nos vários segmentos culturais?

                É verdade que a participação da sociedade. como um todo, é fundamental para o avanço da cultura. Agora é preciso que os administradores culturais planejem com seriedade, que formem uma consciência cultural voltada para a participação não só da sociedade civil, mas dos agente públicos, com convencimento da iniciativa privada. Isso só se faz com seriedade. Cultura não é artigo supérfluo. Como o feijão, ela é necessária todos os dias.

              

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