sábado, 1 de agosto de 2020

A AGONIA DO 4 DE SETEMBRO - I

                                                                              Publicado no Jornal Meio Norte, 03.09.1995


        No dia 10 de março de 1975, portanto, há vinte anos atrás o Theatro 4 de Setembro era entregeu ao público totalmente reformado e com equipamentos de som e luz de última geração para a época. Um dos melhores do pais. E hoje, como anda a casa de espetáculos na semana festiva em que comemora mais um ano de existência? É uma pergunta simplória, mas um pretexto para se colocar algumas questões de fundo sobre o processo cultural do Estado.
         Sem acompanhar as rápidas transformações técnicas e estruturais, o Theatro 4 de Setembro é hoje um monumento agonizante. Falta de quase tudo. Um tormento para companhias e artistas que o procuram. Um teatro que é sustentado pelo poder público, onde se paga desde os serviços de palco a bilheteria.  Porque o teatro estatal chegou a esse ponto é uma pergunta pertinente.
          Dominado sempre por uma politicalha de bastidores quando da escolha de seus dirigentes, foram pouquissimos os diretores da casa que tiveram algum projeto, mas que não puderam incrementar, seja pela falta de recursos ou pela guerra de comando que sempre imperou entre a casa e a Fundação Cultural do Piauí, orgão ao qual é ligado. E mais, muitas vezes, o convidado a dirigir a casa perde a paciência ou é humilhado pela falta de apoio do governo que nunca definiu uma politica de ocupação do espaço, e que sempre esmagou até ás últimas consequencias os técnicos especializados que ali trabalharam ou trabalham, com salários aviltantes e sem perspectiva de solução.
           Hoje a casa tem no seu organograma três diretores, reflexo de uma forma pifia de acomodação politica.Não se coloca que não seja necessário, a colocação que se faz é, antes de tudo, com o compromisso a prevalecer com a casa, até o momento inexistente. Óbvio, se as funções são escolhidas por critérios politicos, a própria politica trata de camuflar os males.
         O retrato claro que se tem, sem nenhum ranço, pois vivemos dentro do processo cultural e, principalmente, teatral é a de que a inexistencia de uma politica cultural no Estado é de propósito, de forma deliberada e maldosa, colocando a cultura a reboque no sentido de humilhar a classe artistica e os trabalhadores cullturais, impedindo dessa forma que a sociedade conheça seus talentos.E os artistas como se comportam nesse processo?
     .      A pequena burguesia e a casta privilegiada do estado é cruel com seus talentos locais, se não saem de suas próprias fileiras. ou não caem nas suas graças. Diga-se servilhismo. O Theatro 4 de Setembro pouco representa para essas classes que podem pegar um avião e ir ver espetáculos em qualquer parte do país.Isso não é privilegio do Piaui, mas aqui a hipocrisia é maior, por que trata-se, além de tudo, de negar e denegrir o que aqui se produz de arte. Portanto, desvalorizar o próprio Estado.Para a casta social o patrimonio artistico e cultural pode vir a baixo, ser extinto. Não faria falta, e seria uma delicia para muitos assistir a miséria total.

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