domingo, 22 de maio de 2016

DOIS ACONTECIMENTOS DO TEATRO PIAUIENSE EM 1986


      Dois acontecimentos do teatro piauiense ocorridos no ano de 1986 chamaram a atenção da classe teatral. Naquele ano o teatro no Estado do Piauí estava vivendo um dos seus melhores tempos com realização de mostras de teatro, congressos, seminários e uma produção de espetáculos que ganhavam prêmios em vários festivais pelo Brasil afora.
       O primeiro acontecimento que passamos a relatar foi um racha no movimento de teatro local entre a Federação  de Teatro Amador do Piauí - a FETAPI, e a própria classe teatral, quando a Federação de Teatro, por um erro estratégico de gestão, passou a trabalhar apenas com os grupos já sedimentados do movimento relegando a último plano os chamados grupos de teatro da periferia, que naquele período eram muitos. Claro que houve uma reação muito forte, inclusive, da parte de grupos filiados  Federação. Mas não houve consenso, e o racha aconteceu. A parte atingida, liderada por Raimundo Dias, um dos grandes articulistas do movimento teatral criou a FITA - Federação Independente de Teatro Amador, congregando todos os grupos de teatros de bairros e outras lideranças do teatro. A Fita logo tomou folego, fez seminário de teatro, circulação de espetáculos e se fortaleceu junto aos orgãos de cultura do municipio e do Estado.
        O outro acontecimento aconteceu em agosto daquele ano de 1986. Apoiado exatamente pela Fita e criado pela atriz Carmem Carvalho e pelo ator Galdiran Cavalcante, nascia o Festival de Monólogos Atriz Ana Maria Rego, em homenagem a grande atriz piauiense. O I Festival de Monólogos Ana Maria Rego aconteceu no Bar Divina Comédia, que ficava no bairro Vermelha, na casa de Galdiran. Nesse período, nós estávamos como coordenador de artes cênicas da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, da Prefeitura de Teresina, e apoiamos o festival com caminhão de apoio, onde se realizavam os espetáculos em cima da carroceria, e sistema de som.
        Daquele primeiro Festival de Monólogos participaram com espetáculos, os atores José Wilson, Raimundo Dias, João Brito, Isa Ferreira e o próprio Galdiran Cavacante, numa noite realmente memóravel sem que ninguém soubesse que aquele ato faria história no teatro piauiense.
           A Federação Independente de Teatro Amador, depois de muito lutar, inclusive, para unificar o movimento de teatro amador do Piauí foi extinta em 1987 quando, por outro erro de estratégia, seu presidente Raimundo Dias teve a ideia de viajar para o Congresso Brasileiro de Teatro Amador, como representante do teatro piauiense. Ora, isso seria impossível, já que não podia existir duas entidades por Estado representando a mesma categoria, e quem representava o teatro piauiense, por direito, era a Federação de Teatro Amador do Piauí, FETAPI. Mesmo assim Raimundo Dias foi ao Congresso Brasileiro, mas foi impedido de participar.
        Quanto ao Festival de Monólogos Ana Maria Rego teve vida longa. O II Festival foi realizado pelo grupo Raízes de Teatro, em 1989, com o apoio do Liceu Piauiense, e o III Festival foi realizado pelo Fundação Cultural Monsenhor Chaves, levado por nós para aquele orgão. Depois o Festival de Monólogos Ana Maria Rego virou festival nacional de monólogos, o primeiro evento nacional de teatro acontecido no Piauí e que trouxe enorme divulgação para o teatro local. O Festival Nacional de Monólogos Ana Maria Rego teve mais de quinze edições, até ser extinto pela burrice e falta de visão de dirigentes da Fundação Cultural Monsenhor Chaves.

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