Chamava-se Antonio de Paula Silva, nosso querido ator Beleza, já falecido. Beleza foi um dos mais conhecidos animadores do teatro infantil piauiense das décadas de setenta e oitenta, lotando o Theatro 4 de Setembro com suas apresentações. Era uma figura brincalhona, sempre com um sorriso nos lábios, curtidor da vida e da bebida, e muito querido por todos aqueles que o conheciam.
As histórias de bastidores de Beleza eram muita conhecidas do pessoal de teatro. Aqui, neste escrito, vamos lembrar apenas de três delas, que acreditamos dar a dimensão do seu espírito brincalhão e cheio de surpresas.
A primeira ocorreu no ano de 1985, quando da realização do III Congresso Brasileiro de Teatro Amador, acontecido em Vila Velha, Paraná. Beleza fazia parte da delegação de artistas amadores representantes da Federação de Teatro Amador do Piauí, a FETAPI. Naquele Congresso dos amadores brasileiros ninguém se entendia, apesar das discussões vararem a noite. O certo é que chega o último dia e na pauta estava a renovação da diretoria da Confederação Brasileira de Teatro Amador, a CONFENATA, promotora do evento. Como ninguém se entendia não houve consenso para a eleição, assim partiu-se para o confronto com duas chapas concorrentes. Na última hora surge o Beleza, avisando no plenário que iria inscrever mais uma chapa. Tumulto, ninguém entendeu nada, muito menos nós do Piauí. O certo é que quando ele foi chamado para inscrever sua chapa, simplesmente ele abriu a boca e tirou a dentadura. Foi um deus nos acuda. Coisas do Beleza!
As duas outras aconteceram no Theatro 4 de Setembro, a primeira quando ele terminou de apresentar sua peça infantil He-Man, o Verdadeiro, e foi interpelado por uma senhora raivosa quando ele saia do camarim do teatro. A senhora mostrou a ele um panfleto em que estava escrito que a peça já tinha sido apresentada com sucesso em Bueno Aires, Nova Iorque e Uruguai, e ela queria uma explicação por que seu filho não tinha gostado da peça. Beleza, então, virou-se e disse; Minha senhora, a peça foi apresentada no bairros Buenos Aires, e planalto Uruguai, em Teresina, na cidade de Nova Iorque, no Maranhão. Certo? A senhora saiu enfezada do Theatro. A segunda, foi quando ele foi apresentar sua peça e faltava compor uma parte do cenário, que era um jardim. Beleza não se fez de rogado. Arrancou dos jarros plantas e palmeirinhas que decoravam a antiga galeria do Theatro, na rua primeiro de maio, e fez seu cenário. Quando a direção do Theatro descobriu o ato já era tarde, a única coisa que restava era punir o grupo do Beleza, mas como, se tudo nele era fantasia?
As histórias de Antonio de Paula Silva, o Beleza, fazem parte do folclore teatral piauiense. Voltaremos com mais histórias desse folclore.
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