quinta-feira, 23 de junho de 2016

SALÃO MUNICIPAL DE ARTES PLÁSTICAS


          Corria o ano de 1994, Teresina não contava com um salão municipal de artes plásticas, onde artistas da área, profissionais ou aprendizes, pudessem dar visibilidade a seus trabalhos, concorrer a troféus e premiações e serem homenageados.
           Criar um salão municipal de artes plásticas estava na programação elaborada por nós, naquele ano diretor do Departamento de Arte da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, faltando apenas detalhes para o seu lançamento, e essa oportunidade veio com o desafio de inauguração da Casa da Cultura de Teresina, feito fenomenal do então prefeito Wall Ferraz. O salão municipal de artes plásticas faria parte dos eventos de abertura da Casa.
        Lembro da preocupação do prefeito quando lançamos a ideia para ele por que, segundo seu pensamento, não sabia da reação dos artistas e também não queria a casa com dois ou três quadros dependurados na galeria que seria ali aberta. De minha parte, mesmo sabendo que seria um grande teste, eu o tranquilizava dizendo que ele iria se surprender.
           A Coordenação de Artes Plásticas da Fundação era entregue a professora Pollyana Jericó, zelosa e competente no que fazia. Nossa preocupação, sem dúvida, era com a participação dos artistas, como eles reagiriam a ideia de um salão, se existiria demanda, e com a sustentabilidade do evento. Tudo  era pensado de forma amadurecida,  por que não podíamos errar de forma nenhuma. 
      Trabalhamos dobrado naquele ano. A inauguração da Casa da Cultura demandava vários equipamentos: Bibliotecas, sala de dança, auditório, sala de cinema e vídeo, galeria, museu, palco aberto e salas de oficinas. Era um trabalho e tanto para uma equipe reduzida. Contar os bastidores da inauguração da Casa seria uma saga.
              Dois episódios me chamaram atenção na inauguração. O primeiro, quando o professor Wall bateu o pé e proibiu a colocação de um busto do Barão de Gurguéia no pátio interno da casa, como queriam seus descendentes, por que, segundo ele, não iria homenagear um escravocrata. O segundo, foi quando o cartunista Albert Piauí mostrou o livreto da história da casa para o professor, com uma capa preta, cor que ele não gostava, e foi recusado imediatamente. Um deus nos acuda! Fiquei de falar com o prefeito por que mesmo não tinha mais tempo de fazer outro livreto. Na vistoria final ás obras da Casa da Cultura o professor Wall não esqueceu um detalhe, falamos do salão de artes plásticas e eu toquei de leve no livreto. Tudo certo.
            O I Salão Municipal de Artes Plásticas de Teresina foi aberto na inauguração da Casa da Cultura, com mais de 130 0bras expostas na Galeria Lucílio Albuquerque e por alguns espaços da Casa. O evento foi abraçado pelos artistas plásticos de forma fantástica, encheu os olhos dos visitantes e fez o prefeito não caber de si de satisfação. O Salão durou mais de quinze edições, valorizando as artes plásticas e descobrindo novos valores.
            Infelizmente, a miopia cultural de alguns dirigentes da Fundação Monsenhor Chaves andam passo a passo com a incompetência e a falta de zelo com os programas culturais, como foi o caso do Salão. Simplesmente deram fim.

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