segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

REVIVER CARNAVAL - PARTE I

            No ano de 1997, a Prefeitura Municipal de Teresina, através da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, promoveu o Seminário - Rumos e Identidade do Carnaval de Teresina, cujo documento se chamou Reviver Carnaval. A presidente da FCMC era a professora Cecilia Mendes, eu era o Diretor do Departamento de Arte e Afonso Lima o superintendente do orgão. O Seminário foi realizado no dia 04 de fevereiro daquele ano na Casa da Cultura de Teresina, com a seguinte programação: Palestra - Em Busca de Identidade: Carnaval em Teresina-Professor Bernardo Pereira da Silva, Departamento de História da UFPI; Painel I - Carnaval Institucional: Escola de Samba. Expositores - Manoel Messias e Oswaldo Almeida. Debatedor - José Gomes. Painel II - Carnaval de Rua: Bandas, Blocos e Trios Elétricos. Expositores - Marcos Peixoto, Galba Coelho Carmo. Debatedor - Ací Campelo. Moderador - Paulo Castelo Branco Vasconcelos.

            O Seminário Tinha como objetivo reativar o carnaval de escolas de samba  de Teresina, desativado há há anos. Uma proposta do então prefeito da capital Firmino Filho. Vamos transcrever aqui minha fala no painel II.

             O senhor Paulo Vasconcelos, mediador: Passaremos a palavra ao debatedor, que vai preferir fazer os seus questionamento em bloco. . Ele terá, portanto, dez minutos e, na sequencia, cada um dos expositores terá três minutos para resposta.

               O senhor Aci Campelo, debatedor. Em primeiro lugar parabenizo a exposição dos dois expositores e vou me colocar como uma pessoa que observa o carnaval de uma forma mais cultural. Não participo de nenhuma escola de samba, portanto, vou ver como uma pessoa de fora, como um e cultural do carnaval de Teresina. Aqui nós ouvimos mais ou menos os rumos do carnaval, como ele poder retornar, algumas opiniões foram dadas, alguns questionamentos, mas nós temos um outro ponto aqui que eu vou me deter, é a identidade do carnaval de Teresina. E é nesse ponto que eu vou me deter mais um pouco pegando, principalmente, a fala dos dois últimos expositores aqui.

               Vejam bem, eu acho o seguinte em primeiro lugar o carnaval seria um forte referencial da cultura piauiense. Acho até que a partir da criação de um ritmo próprio, através de samba enredo de carnavalescos locais nós buscariamos essa identidade. Quem sabe um cd dos carnavalescos locais, das pessoas que fazem samba local.  Nesse ponto, eu colocaria aqui um dos grandes entraves a meu ver que acabou com as escolas de samba de Teresina, que foi exatamente a imitação do modelo importado, ou seja, quando o senhor Oswaldo Almeida coloca que trazia fantasias luxuosas  para o carnaval de Teresina e que alguém ia imita essas fantasias, e imitava, só que não podia arcar com as despesas, e ai corria atrás do poder público. Todas as escolas iam atrás do poder público! Resultado quando o poder público deixou de dar dinheiro, as escolas de samba acabaram! Eu não estou colocando aqui que era ruim trazer as fantasias. Eu estou colocando aqui que nesse sentido  .o que se via não era a identidade local, o que se via era um modelo importado do Rio de Janeiro, as escolas locais procurando o mesmo padrão, era o padrão global, não tinha nenhuma criatividade! É aquele mesmo ritmo de cinco, seis anos atrás, e você vê que quando algum carnavalesco de destaca com sua criatividade mais especifica, a exemplo de Joãozinho Trinta, que tentou desmistificar aquela coisa do padrão global foi quase sacado fora, digamos assim, porque trouxe aquela criatividade que foi colocado aqui pelo Macos Peixoto. Eu acho que é uma visão megalomaniaca do carnaval de Teresina querer imitar o carnaval carioca, e foi onde ele perdeu as escolas de samba.

                                                               Segue

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