quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

O MIADO DO GATO - FINAL

          Pedro Carmelo foi quem conversou com a mãe.

       - A senhora sabe que esse nosso vizinho sempre foi doido, mãezinha!

       - E eu lá tenho nada a ver com a morte desses gatos, menino! Que coisa! Ah!...Desgraçado - Continuava a mãe - Devia ter adotado era uma uma criança, tanta delas com necessidade! Agora esse bando de gatos dentro de casa. Isso num vai pagar seus pecados.

        - 'Tá certo, mãezinha. Mas tenha cuidado.

          Outros gatos amanheceram no quintal com os mesmos sintomas dos outros. Depois se arrastarem um bom período pelo chão, sempre com miados horripilantes, morriam vomitando o que comeram. A pressão dos filhos de dona Jerusa em cima da mãe era o cuidado com a bendita gata preta de seu Ernesto. a cada gato morto cada vez mais aumentavam as ameaças de bala do vizinho. A situação já beirava ao pânico. Seu Ernesto ameaçava dar parte a policia e as organizações protetoras dos animais. A única coisa que o impedia era o fato de não ter certeza absoluta de quem estava praticando tamanha maldade com os gatos. No entanto, não havia dúvidas de que a matança partia da casa de dona Jerusa Carmelo.

          Os gatos de rua de Ernesto Madeira diminuiram drasticamente, quando muitos deles já não invadiam os telhados de dona Jerusa numa algazarra infernal, principalmente no tempo de cio. Um alivio para a velha senhora.

           Apesar de Ernesto Madeira ter espalhado para os vizinhos que dona Jerusa era a autora da morte dos gatos, todos envenenados, ninguém acreditava. Primeiro pela bondade de dona Jerusa, depois por que era sabedores das histórias de Ernesto, um homem cheio de mágoas, tentando se livrar das maldades praticadas, escondendo-se na pele de um cuidador de animais abandonados.

           Alguns até omitiam opinião:

        - Criar gatos de rua emporcalhado as calçadas! Onde já se viu?

           Portanto, dona Jerusa Carmelo continuava uma senhora bondosa e intocável. E as ameaças de Ernesto Madeira terminaram como futricas de vizinho mal visto pela comunidade. Dona Jerusa Carmelo morreu nos seus noventa anos de idade. Sua morte foi uma comoção na cidade em que morava, e o velório gerou uma pequena romaria no rumo de sua casa. Todos queriam dar seu último adeus a dona Jerusa Carmelo. 

           Não passou muito tempo da morte da matriarca os filhos começaram a sentir a presença dos gatos nos telhados da casa. Como o tempo aumentou extraordinariamente a presença dos gatos. Eram raras as noites em que os gatos não faziam um tremendo alarido nos telhados da casa, principalmente em cima do quarto onde dona Jerusa tinha morrido, não se sabe se por vingança dos bichados ou por alegria, de lamento é que não era.

           Os filhos não se incomodavam. Para eles era uma herança da mãe.

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