quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

VOU COMER A CANTORA - FIM


           Saiu do salão e foi direto para uma banca pegar uma caipirinha, e tome caipirinha. Quando voltou para o salão parece que pisava em nuvens, mas a cantara não estava cantando. Passeou os olhos pelo ambiente a viu com um grupo de moças. Entre as moças estava Selminha. Foi mão na roda. Chegando no grupo Selminha quase se joga em cima dele.
         - Dorinha esse é meu primo! Disse a moça segurando sua mão - Ele mora na capital.
           Quando Dorinha, a cantora, olhou para ele aqueles olhos pareciam duas lagoas azuis, cheias de desejos incontidos. Ela estirou a mão para ele e ele a segurou por instantes.
         - Ah, muito prazer, Angelo... Você canta muito bem... Disse quase sem folego.
         - Brigado, brigado mesmo...
           A moça não falou mais nada, por que seus olhos e seu corpo já falavam por ela. Foram apenas alguns segundos.
        - Ah, vou ter que cantar, chegou minha vez - Disse ela - Depois eu volto pra conversar mais...Angelo...
          Ele ficou tão ansioso que para sair daquela angustia dançou com Selminha. Depois levou a prima até a uma barraca de café e bolo de goma. Ela ficou exultante de alegria. Mas seu pensamento era na cantora Dorinha, uma pensamento intensivo, tempestivo, quase cruel. Como aquela cantora seria sua?
          Quando voltou para o salão com Selminha a cantora já se encontrava no mesmo lugar de antes. Ficaram todos  conversando. A seresta corria solta. Cardosinho e seu teclado era um sucesso. Quando menos ele esperava o Zaca tirou Selminha para dançar. Foi um alivio.
           Dorinha, disse na lata.
         - Queria ir pra capital, é meu sonho!...
         - Pois vamos- Emendou ele.
         - Namoro com o guitarrista...
           Meu deus! Pensou ele. Com aquela marmota? Todavia, menos mal pois ele pensava que a cantora fosse mulher de Cardosinho.
         - Mas ele sabe de meu desejo, num vou morrer aqui nessas brenhas.
         - Você tem toda razão...
            Os dois caminharam até a penumbra da noite, os corpos ávidos. As mãos, as bocas, as pernas eram puro desejo. Não foram mais do que dez minutos, mas o tempo se eternizou. Estava na hora dela cantar.
          O cheiro de Dorinha não saiu mais de suas narinas . Aquela moça iria sim para a capital e, com seu talento, ganharia o mundo. Quanto a ele estava satisfeito e agradecia a todos os deuses do universo. Jamais esqueceria daquela cantora, e faria tudo para ajudá-la.
            A seresta de Cardosinho com seu teclado, a guitarra do marmota e a voz de Dorinha, suavam em seus ouvidos como a melhor coisa do mundo! Ainda mais com os olhos e o sorriso de Dorinha fixos nele..

Nenhum comentário: