segunda-feira, 14 de outubro de 2019

UMA LIRA SERTANEJA - FINAL

           Falando de politica e governo Hermínio chegou a ser filiado ao partido Liberral, no tempo em que pertencer a um partido político era ter uma marca na testa e aguentar todo tipo de situação quando este partido não estava no poder. Era através do Jornal O Semanário que ele baixava baixava o pau no partido Conservador, escrevendo contra os adversários em forma de versos. O poeta também não deixou de cair nas armadilhas da politicalha quando, ás vesperas de uma eleição, inventou que o chefe de policia, a época Dr. Sousa Lima, tinha mandado dois homens atacá-lo na porta de sua casa, á Rua Senador Teodoro Pacheco, antiga Rua Bela. Claro, o chefe de policia pertencia ao partido do governo e a intenção era exatamente prejudicar a administração. Mas, o tiro saiu pela culatra, pois na investigação feita pela policia, descobriu-se que Hermínio tinha dado como prova do atentado uma mancha de sangue no batente de sua casa, proveniente de um tiro dado nele por um dos elementos. Tudo não passara de um blefe. Na realidade, a mancha de sangue encontrada no batente de sua casa era de um pinto. Hermínio não tinha sofrido atentado algum, o que o tornou um tanto ridiculo. Esse episódio ficou conhecido como o sangue do pinto.Abandonado até pelos amigos por causa da fato, Hermínio Castelo Branco viajou para Manaus, mas a saudade do Piauí não o fazia esquecer de sua terra. Em junho de 1889, Herminio sentiu-se mal e caiu doente, em Manaus. Voltou para Teresina, onde morreu, em agosto de 1889, de uma congestão cerebral.
           Apaixonado pelas coisas simples da natureza Herminio Castelo Branco exaltou como nenhum outro poeta piauiense do seu tempo, o povo de sua terra, deixando em sua obra a caracterização de paisagens pitorescas, de forma muita humana e poética. Belos versos bucólicos podemos destacar do Canto do Desterrado, onde as lembranças do trovador repercutem na alma.

                                               Tenho saudade dos bosques
                                               Das brenhas virgens, sombrias
                                               Dos tabocais intrincados
                                               Entre as vertentes mais frias
                                               Dos campos tenho saudade
                                               Onde eu brincava de tarde.

                                  Tenho saudade das fontes
                                   Dos olhos d'água vitais,
                                   Das cascatas naturais
                                   Das lagoas pitorescas
                                   E da sombra hospitaleira
                                   Da soberba gmeleira.

                                                Enfim, eu tenho saudade
                                                De todo o meu Piauí:
                                                Prefiro enterrar-me lá
                                                A ser imortal aqui
                                                E confio em Deus bondoso
                                                de ser ainda ditoso.

            A Lira sertaneja, de Hermínio Castelo Branco é um dos mais belos livros do cancioneiro popular piauiense, deve ser festejado e aplaudido por todos aqueles que o conhecerem, merecendo ser perpetuado ela fidelidade, o amor e o carinho com que o autor o escreveu. Um hino á terra e ao homem sertanejo.

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