segunda-feira, 1 de abril de 2019

LAMPIÃO E SEUS CABRAS NA LITERATURA DE CORDEL - UM ESTUDO - FINAL


          Aparece na toada um tal de Masilon, companheiro inseparável de Lampião, que paga ordenado para cada cabra como se o bando fosse uma empresa, todos prontos para atacar os ricos. Neste sentido, Lampião manda o bando atacar a cidade de Mossoró, o Rio Grande do Norte e, só depois do ataque, vai atrás. Os cabras não conseguem tomar a cidade e partem para Limoeiro Várias volantes policiais saem do Rio Grande do Norte e Ceará, para combater o bando. O autor desfila um rosário de nomes de bandoleiros, como: Ás de Ouro, Xexéu, Cobra Verde, Caninana, Pinga-Fogo, Chamuscado, João 22, Tempero, Mergulhão, Dois de Ouro, Estriqnina, só para ficar em alguns. São pouquissimos os nomes repetidos de cordéis anteriores. Este cordel finaliza com Lampião sendo atacado por Moreira e Moisés, comandantes de volantes policiais, com mais de 660 soldados. Mas Lampião consegue escapar do cerco. 
       No cordel  O Miro de Lampião, de João Bandeira, o autor tem uma teoria interessante, se não fosse um tanto absurda. Fala que Lampião não morreu e mora em Goiás, com o nome de Assis, exercendo oficio de fazendeiro. Sua teoria se baseia em que Lampião sabendo que ia morrer se separa do grupo e vai esbarrar em Goiás, não se sabe como. Aliás, João Bandeia tem outro cordel sobre Lampião que não menciona nada disso, é Um Bandido Social, onde ele traça uma visão carinhosa e até de admiração pelo bandoleiro. Como se Lampião fosse um Robim Wood do sertão, que rouba dos ricos para dar para os pobres. Esse cordel faz uma apologia enorme sobre o cangaceiro. Em O Último Dia de Lampião, de João Fernandes de Oliveira, pode se fazer um paralelo entre o autor e Expedito Sebastião da Silva, o que me parecem os dois cordéis mais completos sobre a vida de Lampião. O cordel começa com o nascimento de Lampião em Águas Belas, Pernambuco, no ano de 1898. Aos 17 anos entra no cangaço com os irmãos,como descrito por Sebastião da Silva.
       O apelido Lampião confirma a história de Sebastião, era por causa do clarão que o rifle de Lampião fazia ao disparar. Dado novo neste folheto descreve a perda de visão de Lampião, causada por um espinho de mandacaru. O próprio Lampião teria arrancado o olho. Lampião teria vivido 23 anos no cangaço e, quando descansava em Sergipe, no lugar chamado Angicos, foi morto pelo tenente João Bezerra, já hospedado em Piranhas com todo seu aparato policial. Ele morre em emboscada com vários elementos de seu bando, as quatro horas da manhã, numa atrocidade e numa violência terrivel.
         No último titulo lido por mim Lampião - Rei do Cangaço, de Antonio Teodoro dos Santos, chamado o poeta garimpeiro, o autor acrescenta dados interessantes sobre Virgulino. Escrito com estrofes e toadas satiricas, diz que Lampião foi criado com o seu tio Manoel Lopes, em Nazaré, e que ele trabalhava o couro na fabricação de peneiras, alforjes e gibão e vendia cereais em feiras. Conta ainda que o cangaceiro Antonio Silvino, teria inspirado o próprio Lampião. Dá também uma infinidades de nomes de cabras de Lampião, com muitos nomes repetidos. Segundo o autor, Sabino, um cabra amigo de Lampião, perdeu um cigarro na escuridão da noite, Lampião então dá um tiro de fuzil que iluminou todo o sertão. Silvino não se fez de rogado, tascou o nome de Lampião, em Virgulino Ferreira. 
        Teodoro dos Santos revela algumas poesias que teriam sido feitas por Lampião, elas falam da vida e dos amores dele no cangaço. O cordel de Teodoro termina com a morte de Lampião, em Angicos. O que chama a atenção no final do romance é o autor dizer que com a morte de Lampião,o nordeste se viu livre da praga do cangaceiro.
         A criatividade sobre o cangaço no nordeste brasileiro supera qualquer lógica. Alguns autores não respeitam cronologia nenhuma sobre a vida de Lampião, pois o talento e a ficção contam mais para eles. Claro, muitos deles são repetitivos e sem expressão. O interessante é que o mito se mantem vivo. Talvez por que a lutar de Lampião contra as injustiças sociais da região ainda se mantem. Coisa que as arcaicas estruturas não querem nem ouvir falar.

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