O desfile de grupos de Bumba-Meu-Boi de Teresina aconteceu no ano de 1987, promovido pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves, da Prefeitura Municipal de Teresina. Criada no ano anterior pelo então prefeito Wall Ferraz, a ordem era mobilizar a cultura teresinense em todos os seus seguimentos. E assim era feito.
Para o evento, foi criada a Associação dos Brincantes de Bumba-Meu-Boi de Teresina,sendo eleito para dirigi-la Antonio Gomes dos Santos, o mestre Maleiro, dirigente do Bumba-Meu-Riso da Mocidade, do bairro Poty Velho. A associação contabilizou como filiados, naquele ano, vinte e três grupos de bois na capital. A FCMC fez um trabalho de revitalização desses grupos doando equipamentos, vestuário e instrutor, pagando também cachês de apresentações para esses grupos.
A Fundação Cultural era um orgão enxuto, em inicio de implantação, contando com uma equipe extraordinária de colaboradores em diversas áreas culturais. Lembro que a decisão primeira da equipe, liderada pelo professor Noé Mendes, foi em investir na cultura popular, tirá-la do limbo em que se encontrava. Então, era revitalizar reisado, bumba-meu-boi, tambor de crioula, forró pé de serra, chegando até ao carnaval. Claro, sem esquecer as outras áreas culturais, como o teatro, a dança, a música, artes plásticas, cinema e literatura. Esse resgate da cultura popular, em um primeiro momento, chegou a ensejar criticas do meio cultural. Mas essa é outra história.
O desfile de grupos de bumba-meu-boi de Teresina foi marcado para julho de 1987, no bairro Parque Piauí. Os bois sairiam do final da avenida principal e desfilariam até a Praça da Integração, em frente ao Centro Social Urbano. Para tanto, foi montado palco, arquibancadas e um camarote para os convidados e autoridades.
Tudo uma maravilha. Todos os grupos de bois presentes ao evento. O desfile começou na hora marcada, por que sabíamos da pontualidade do professor Wall. No entanto, quando os grupos tinham percorrido umas quatro quadras vários grupos entraram numa rua diferente do percurso, enquanto, outros continuaram pela avenida. Foi um deus nos acuda. Como a equipe coordenadora era pouca, não houve jeito de juntar os bois novamente. Então, o jeito foi traçar nova rota para os, digamos, bois perdidos.
Fiquei de avisar no palanque, onde estava o prefeito, da chegada dos bois e do pequeno acidente de percurso. Lá estavam todos os convidados. Esperei pelo momento certo de avisar. Os primeiros grupos de boi que vinham pela avenida começaram a entrar na Praça, com uma fusão de cores fenomenais. Quando todos entraram, e eu já ia contar que faltavam vários grupos, eis que entram todos eles pelo outro lado da Praça, arrancando aplausos dos presentes. Fiquei na minha.
Toda a equipe da Fundação recebeu parabéns pelo evento. E, separar os bois e fazê-los entrar por lado distintos, tinha sido uma grande sacada.
A Associação dos Brincantes de Bumba-meu-Boi de Tersina se acabou. Mestre Maleiro se mudou para Timon, com seu brilhante grupo Boi Riso da Mocidade, um dos melhores grupos do Estado do Maranhão. Fazer o que.
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