quinta-feira, 1 de julho de 2021

A HISTÓRIA DA FOTO - 1

                                                    

                                                           

 

               Essa foto é do ano de 1978, mês de setembro, e foi tirada no palco do Theatro 4 de Setembro. Naquela noite o Grupo Raízes  de Teatro apresentou o espetáculo Pau a Pau, de minha autoria e direção, com os atores Lorena Campelo, Lili Martins, Afonso Miguel Aguiar e Ribamar Rocha. A apresentação foi especial por que naquele dia Teresina estava recebendo, para uma palestra no local, o grande dramaturgo brasileiro Plinio Marcos. O interessante é que na foto aparecem o grande ator e diretor de teatro Tarciso Prado, o bailarino e coreografo Frank Lauro e a atriz Lorena Campelo. A foto  mostra a montagem do cenário.

                A apresentação do espetáculo aconteceu antes da palestra de Plínio Marcos. O dramaturgo veio a convite de Cinéas Santos, falaria sobre censura e, também, lançaria seu livro, o romance Na Barra do Catimbó. Ele assistiu a peça com muita atenção, o que não deixava de ser um orgulho para todos nós do Grupo Raízes. Pau a Pau era minha segunda peça teatral, tinha quatro personagens, e contava a história de um roceiro que teve suas terras tomadas por um coronel latifundiário e, por isso mesmo, desafiou o coronel para uma corrida de cavalos, apenas um pretexto para se vingar. O coronel termina sendo morto pelo roceiro. Não precisa dizer que o tema era explosivo para a época. A peça quase foi proibida pela censura. Portanto, apropriada até demais para aquela noite.

              Depois da palestra de Plínio Marcos, uma coisa imperdível, o público se dirigiu ao saguão do Teatro 4 de Setembro para a noite de autógrafos. Naquele momento eu fui apresentado a Plínio como o autor da peça. Nem me atreveria a perguntar o que ele achou da peça. No entanto, para minha surpresa ele começou a falar sobre o espetáculo. Isso quando chegou minha vez de pedir seu autografo. Ficou conversando rapidamente. Nunca me esqueci de suas palavras.  Lição de dramaturgia para quem estava começando. Sua peça tem muito diálogo e pouca ação. É um puto de um texto. Mas seria melhor você escrever um romance sobre o tema - disse ele. Fantástico! Agradeci quase sem fala. Autografou o livro e me parabenizou. Voltei a ver Plínio Marcos várias vezes.

             A última vez foi em Teresina, já nos anos noventa. Ele veio para uma solenidade e seria recebido numa noite festiva pela classe artística na Federação das Indústrias do Estado do Piauí. Plínio Marcos chegou lá em baixo e não pode subir por que estava de bermuda. Era norma da casa. Ele já sofria de problemas nas articulações. De lá mesmo foi embora, e nós também. Coisa do Piauí.             

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