quarta-feira, 1 de março de 2017

A TRAGÉDIA DO GÓLGOTA

   

                  A Tragédia do Gólgota foi o primeiro grande espetáculo sobre a paixão de Cristo apresentado em Teresina. Era dirigido por Santana e Silva, na sua primeira versão, depois por Ary Sherlock e Santana e Silva, na sua segunda versão, no inicio dos anos 1970, com grande elenco de atores piauienses. Foi também o primeiro espetáculo de teatro que assisti, e fiquei encantado.
                  No ano de 1969, fazia o  curso ginasial no Colégio Helvidío Nunes, e meu passatempo era ler e colecionar revistas de Tarzan e ler um gibi chamado K.O.  Durban, sobre um agente secreto que tinha sete mulheres, uma para cada dia da semana. Achava aquilo perfeito. Costumava ir ao Cine-Rex e Cine-Theatro 4 de Setembro, tanto para assistir filmes como para vender e trocar revistas do Tarzan e do Zorro, principalmente. Era como uma religião. Eu adorava filmes, e roubar cartazes de filmes. Tinha vários, surrupiados em plena noite, num rasgo de adrenalina. Claro, para tanto eu contava com um amigo de adolescência inseparável, o João Leandro. Figura carismática, brincalhão, meio louco, e que me ensinou a tomar optalidon, mandrix, anfetaminas que deixavam a gente mais forte que cimento.
                  Assisti A Tragédia do Gólgota no Cine-Theatro 4 de Setembro, enfrentando uma imensa fila de pessoas para a segunda sessão da noite. Não estava muito eufórico por que era teatro, uma coisa que eu nunca tinha visto, mas enfim, os amigos iam assistir e a cidade comentava o espetáculo. No elenco tinha Tarciso Prado, Ana Maria Rego, Ary Sherlock, José da Providência e, também, meu irmão Assaí Campelo. As pessoas que citei aqui todas, naquela época, faziam parte do teatro amador do Piauí, e iriam futuramente fazer parte da própria  história do teatro piauiense. Todas também se tornariam meus grandes amigos.
                  Ao assistir aquele espetáculo me encantei com uma cena linda, era o sermão da montanha, representada por Ary Sherlock, que interpretava Jesus Cristo, um monstro sagrado do teatro cearense que veio morar uns tempos no Piauí, e aqui continuou sua tragetoria de sucesso no teatro. O Ano era 1971, e foi o último ano da Tragédia do Gólgota no velho Cine-Theatro 4 de Setembro, pois logo depois ele entraria em decadência total e seria fechado pelo governo do Estado, para reforma. A Tragédia do Gólgota ficou marcada na minha memória. Talvez ali tivessem,mesmo sem saber, sido conquistado pelo teatro.

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