terça-feira, 6 de julho de 2010

ATRÁS DE PATROCÍNIO

A coisa mais dificil para um produtor cultural é a captação de recursos. Um Deus nos acuda.. Projetos debaixo do braço começa a via crucis. E passou o tempo em que se procurava os orgãos oficiais de cultura, hoje estão fálidos e só tratam de gerência de patrimônio e pessoal, o resto são as leis de incentivo, portanto, a possibilidade de um não é certeza.
A questão do patrocínio cultural no Estado do Piauí merece um debate de fundo e não simples interrogações e perplexidades. Isso pode gerar farpas entre quem produz e quem tem possibilidade de patrocinar. As perguntas são muitas: Quais as empresas que patrocinam cultura em nosso Estado? Quais os produtos ou marcas piauienses que podem ser associados à produção cultural? Existe markenting cultural nas empresas piauienses? São perguntas desafiadoras que podem esclarecer e, de certa forma, fundamentar uma ação em um sentido mais amplo do produtor cultural. É bom não confudir patrocínio, puro e simples, com marketing cultural, nem com o famoso "pai trocínio" de algumas empresas.
Dois aspectos chamam a atenção nesse desafio: primeiro, o parque industrial do Piauí ser muito incipiente e a matriz de grandes empresas instaladas aqui serem de fora do Estado: segundo, a publicidade das empresas locais serem ainda dirigidas para a venda de seus produtos, para a sobrevivencia do mercado, sem agregação do produto a uma visão de marca, ou seja, de marketing. No varejo, é bom aplicar dinheiro num show de grandes bandas de axé ou forró, de preferencia de outros estados, nada contra, do que aplicar num projeto de relevancia cultural.
Ao produtor cultural piauiense resta pensar que existem difiuldades em todos os estados, é fato sim, mas a diferença é gritante. Aqui o produtor tem que lutar contra vários fatores que fogem à lógica do patrocínio, e um desses fatores é que ninguém sabe quais os critérios que as empresas locais usam para distribuir seu dinheiro ou suas doações para a cultura. Não seria interessante estabelecer regras claras e objetivas? Mas, vamos com calma. Antes, se poderia até dizer por que é que se estar patrocinando, ou por que não pode patrocinar. Mas o que tem-se visto são castas de privilégios, patrocinios à cata de retornos fáceis, e um certo ranço com a maioria das manifestações culturais, ou mesmo, contra esse ou aquele produtor. Afinal de contas são tão poucos e o mercado ainda menor. Claro, a empresário tem livre arbitro para patrocinar aqui que gosta ou mesmo quem quizer, mas a sua empresa precisa de transparencia. Muitas vezes a falta de critérios é que gera embates de forma incompreensivel e, às vezes, intolerante tanto de um lado como do outro. O simples não de uma empresa se não bem fundamentado não convence, mas sim torna-se objeto de especulações.
Existem muitos projetos que mereciam ser patrocinados no Estado do Piauí. Obviamente, que existem fragilidades gritantes entre os produtores culturais, aliás, muitos até usam esse nome de forma equivocada. Produzir não é fazer arranjos, improvisar, nem mendingar, produção cultural é uma profissão na economia da cultura. Neste sentido, quem sabe a profissionalização de um bocado de gente que se diz produtor cultural não fosse importante para o próprio desenvolvimento dessa área? Melhoraria muito, principalmente, nos orgãos culturais, onde se confunde funcionário público com artista, produtor cultural com dirigente de orgão de cultura.
Patrocinado e patrocinador têm que ter uma relação de iguais, pois estão vendendo produtos, nas suas devidas dimensões. Ás empresas hoje não cabe apenas uma visão capitalista, ainda que vivamos nesse sistema. Mecanismos existem muitos para que as empresas apliquem na cultura. Isso não é filosofar ao vento, é uma questão de desenvolvimento, de responsabilidade,de grandiosidade, pois se embalar nas criações humanas faz bem e supera a pobreza de espirito.