sexta-feira, 3 de outubro de 2025

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO DRAMATURGO GOMES CAMPOS

 

  

             José Gomes Campos, o dramaturgo Gomes Campos,  nasceu em outubro de 1925, na cidade de Regeneração, no Piauí. Portanto, este ano de 2025 comemora-se o centenário de nascimento do dramaturgo. Gomes Campos faleceu em Teresina, em março de 2007.

             Gomes Campos veio cedo para Teresina onde estudou no Colégio Diocesano e depois formou-se pela antiga Faculdade de Direito do Piauí. Na faculdade Gomes Campos continuou a praticar seus dons artisticos participando de movimentos e atividades culturais. No inicio dos anos 50 foi para Belo Horizonte onde cursos Filosofia no Seminário Maior, retornado definitivamente para Teresina em 1953, quando engajou-se nos meios teatrais. Neste ano Gomes Campos passou a trabalhar na União dos Moços Católicos, sob os auspícios da Ação Arquidiocesana de Teresina. Na UMC Gomes Campos fundou um grupo de teatro e passa a trabalhar com amadores locais.

            Faziam parte do Grupo da União dos Moços Católicos Leão Sombra do Norte Fontes, o poeta H. Dobal e o escritor Claudio Bastos. O Grupo monta a peça A Dana da Morte, e apresenta no auditório do Colégio das Irmãs. Além de espetáculos o grupo da UMC ministrava cursos de teatro. Ao grupo logo depois se juntaram talentos da cena piauiense como Santana e Silva e Tarciso Prado. Santana e Silva monta com Gomes Campos a peça No Tororó, sem nome de autor, dirigida por Gomes Campos. Gomes Campos, Santana e Silva e Sombra do Norte fizeram parcerias em vários espetáculos. Santana e Silva depois funda o Teex-Teatro Experimental e o professor Gomes Campos vai exercer o cargo de professor no Colégio Diocesano.

            No ano de 1967, como professor de lingua portuguesa, Gomes Campos escreveu a peça Auto do Lampião no Além, a partir de uma pesquisa da literatura de cordel, feita por seus alunos da disciplina literatura brasileira. A peça teve estreia no Diocesano e no mesmo ano apresentou-se em um festival de arte, em Fortaleza, Ceara, levada pela Academia Piauiense de Letras. 

            Auto do Lampião no Além tornou-se a peça mais conhecida de um autor piauiense. Participou no Rio de Janeiro do V Festival Nacional de Teatro Estudantil, em 1968, dando a Gomes Campos o troféu governador Negrão de Lima, de autor revelação do evento. A peça tornaria-se um clássico da nossa dramaturgia, e no ano de 1975, foi a única peça a se apresentar na reinauguração do Theatro4 de Setembro, em Teresina, montada pelo grupo de teatro do Centro de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares - CEPI, dirigida por Murilo Ekhardt. Auto do Lampião tee inúmeras montagens  dentro e fora do estado, chegando a ser traduzida e apresentada nos Estados Unidos, na Universidade de Kansas. No ano de 1998, a peça ganha o Troféu Lusófono de Lingua Portuguesa concedido pelo governo português. Auto do Lampião no Além foi montada pelo Grupo Harém de Teatro que ganhou dzenas de prêmios em festivais nacionais de teatro.

            Gomes Campos é autor ainda de Crispim - O Pescador, baseada na lenda piauiense do Cabeça de Cuia,; a Morte e a Morte de Quincas berro D'agua, adaptação do romance de George Amado, e de dezenas de textos adaptados para sala de aula.

             José Gomes Campos tem seu nome perpetuada na Escola Técnica Estadual de Teatro José Gomes Campos, da Secretaria Estadual de Educação. 

            

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

COMO ESTÁ O NOSSO TEATRO

         No nosso livro História do Teatro Piauiense, coloco que o nosso teatro começou suas apresentações dentro dos cassarões  e nos quintais das casas de senhores abastados da antiga capital Oeiras, ainda no século XIX. Até ai tudo bem, pois não existiam teatros ou seja a casa de espetáculos. quando a capital mudou para Teresina continuou a mesma coisa por algum tempo. Também não existia casa de espetáculos.

         Hoje o Piauí conta com vários teatros e espaços aptos a apresentações tearais espalhados pelo Estado. Cidades como Bom Jesus, Floriano, Parnaiba, Picos, José de Freitas, Piripiri, União e Teresina contam com seus teatros. Só na capital são mais de quatro. a pergunta é - Onde estão os nossos espetáculos? Quem assiste nossos espetáculos? Boas refexões. Mas por que acontece isso? Culpa de quem? Preciso colocar que o teatro piauense não está em nenhum projeto de politicas culturais do governo, seja do estado ou da prefeitura. Só para ter uma ideia espaços como o Sesc e o Centro de Convenções cobram absurdos em suas pautas. Sem qualquer chance de ocupaçõa para grupos locais. Portanto, falta estimulo a circulação de e a montagem de espetáculos.

         Nesse cenário adverso como grupos, companhias ou coletivos locais podem existir? Ah, tem que ser esforço da própria classe! Como? Vamos só  a um dado desses grupos, companhias ou coletivos locais, muitos deles com 20, 30 e 40 anos de existência não tem sequer uma sede própria. Produzem seus espetáculos nas casas dos diretores ou de membros do próprio grupo. Negligência dos próprios grupos? Fica a discussão.

         Portanto, esse é o retrato do momento de nosso teatro. que parece não está em lugar nenhum, a não ser nas redes sociais, porque a produção é escassa e sempre produzido pela iniciativa gigante de pessoas compromissadas com a profissão. Com tão pouca produção não existe continuidade e o público perde o fio da meada. 

         E assim infelizmente o nosso teatro continua a contar com um público de amigos ou de artistas, que nem sempre assistem aos espetáculos locais , mesmo porque peças não são feitas nem produzidas para amigos e artistas. Claro que todos contam, mas é preciso sair da bolha e alcançar o público em geral.   

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

A MONTAGEM DO ESPETÁCULO

          Existem alguns métodos de iniciar uma montagem teatral. Cada diretor escolhe a melhor forma de conduzir a equipe. O importante é a afinação de objetivos e, no fundo, assumir o compromisso com a montagem. Nesse assumir não conta apenas o monetário, importante sim, mas sobretudo o amor pela obra.Muitas vezes esse compromisso é o mais importante, afinal de contas trabalha-se mais satisfeito naquilo que acreditamos. 

          A montagem teatral é uma engrenagem. Tudo tem que ser discutido e bem avaliado para dar tudo certo. Falamos aqui sobre cenografia, figurino, luz e som, e por trás disso tudo  o profissional criador de cada um desses signos do teatro. No entanto, para que tudo isso se encaixe existem outros elementos que o compõem são os atores e, mais além, o diretor e o texto a ser encenado. 

          Muitas teorias correm sobre o diretor de um espetáculo. Algumas terríveis e outras sensacionais. mas, como falamos cada diretor de uma montagem teatral tem seu método de condução. Para nós que vivenciamos o teatro como dramaturgo e produtor nada nos parece mais importante do que a afinação da equipe, o entusiasmo pelo resultado e a satisfação com a condução dos trabalhos. A discussão sobre a primazia de quem manda numa montagem sempre nos pareceu uma discussão meio vazia, pois se existe um diretor ele é o responsável pela condução dos trabalhos. Portanto, na maioria dos casos cabe a ele a responsabilidade pelo sucesso ou o fracasso do resultado. Isso também não se configura como uma regra, pois estamos falando de um trabalho de equipe, onde cada elemento tem sua importância fundamental.

           O resultado de um bom espetáculo, portanto, na nossa visão está na capacidade do diretor de extrair e conduzir cada signo teatral com maestria. Não importa o método usado escolhido para a condução de todos os elementos cênicos e dos atores, afinal eles são os senhores da cena. 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

DRAMATURGIA 04 - O CENÁRIO

            A Cenografia diz respeito a criação do ambiente, seja no espetáculo de teatro, cinematográfico, televisivo ou mesmo na ambientação arquitetonica, criar uma cenografia é buscar os vários elementos que compôem uma cena ou um ambiente, como a iluminação, os objetos,  o figurino, e mesmo os efeitos sonoros e a disposição desses signos no espaço. O responsável por essa criação é o profissional da cenograifa.

             No teatro grego da antiguidade clássica já aparecia suporte denominado Deus ex Machine, mecanismos onde o ator que representava o deus surgia pendurado em cabos para resolver problemas na cena, por isso denominado "deus que desce numa máquina". Hoje esse mecanismo rápido é usado para resolver problema na trama da história.

                Mais recentemente, no teatro da passagem do século XIX para o século XX usava-se muito o cenário chamado de gabinete. O palco do teatro recriava literalmente qualquer ambiente de uma casa. Um quarto era um quarto com cama, cabides, armários e tudo que se tinha direito; uma sala de casa então era um deus nos acuda-mesa, cadeiras, sofás, quadros, tapetes e objetos de usos pessoal. 

                 Foi com diversos teóricos do teatro que o ator foi ficando sozinho no palco usando toda sua capacidade de interpretação e emoção. Muito contribuiu para isso a teoria da Biomecânica no teatro, de Vsevolod Meyerhold, nos anos 20 e 30. A biomecânica ampliava o potencial emocional de uma peça. "Se o ator permanece no palco vazio a grandeza do teatro permanece com ele".

               De qualquer forma os custos economicos reduziram a ambientação no teatro, e a cenografia passou a ser apenas indicação da ação. O ator é o senhor absoluto da cena. No entanto, a cenografia continua a encantar o expectador e a encher os olhos quando bem feita e aplicada.  

segunda-feira, 16 de junho de 2025

DRAMATURGIA 03 - O SOM NO TEATRO

         No post anterior teve um lapso, ao invés de escrevermos designer de luz cravamos designer de som. Agora sim, vamos falar um pouco da sonoplastia no espetáculo de teatro, ou designer de som, ou trilha sonora e música incidental.

         Traçar um panorama histórico do teatro com a música ou o silencio, de forma rápida, fica muito a desejar. No entanto, aqui é apenas um inicio de um conversa. A questão remonta aos espetáculos gregos/romanos, passa pela gramática e o silencio do teatro oriental, pela Commédia Dell'Arte italiana até chegar ao romantismo e ao naturalismo. Temos ainda que distinguir a música no teatro e o teatro musical, este trata-sede composições especificas que intervém diretamente no espetáculo.

          Sem dúvida alguma a música, seja gravada ou ao vivo, a sonorização,  uma trilha sonora ou apenas uma música incidental tem relevância fundamental na manifestação teatral. Na história do teatro a música deu origem a vários formas teatrais, como a opereta, o café concerto, o teatro musical, o teatro de revista, e a ópera, genero mais especifico, com todas as suas derivações. 

         Ao profissional da sonoplastia/designer de som, o sonoplasta, cabe a pesquisa e o conhecimento de seu métier, sendo um dos profissionais mais requisitados nas produções dramaturgicas. Mesmo porque na articulação do espetáculo teatral, a sonoplastia, aliada a outros recursos usados no teatro moderno como a imagem cinematográfica, pode ser usada para sucintar diversas perspectivas dramáticas, como simples ilustração, acentuar clima romântico, poéticos e sentimentais, situações dramátcas criticas, clima de terrpr, efeito de distanciamento e outros.

         Termos como BG, Chicote, fundo musical, temas musicais, são repertórios usados pelos criadores da sonoplastia. No entanto, tudo deve ser usado com parcimonia e sensibilidade.Quem não se lembra de temais musicais ou alguma trilha sonora que tornaram inesquecíveis espetáculos  da dramaturgia.  

terça-feira, 20 de maio de 2025

DRAMATURGIA 2 - A LUZ DO ESPETÁCULO

                  Hoje se usa um termo moderno para designar a luz no teatro - designer do som, mas é a mesma coisa e o responsável pela iluminação no teatro é o iluminador ou o operador de luz.

                 Até o período do renascimento a iluminação para o teatro não existia, pois as peças eram apresentadas a luz do dia, no período diurno já prevendo a falta de luz. Depois vieram as lamparinas, os lampiões, as lampadas de azeite e velas de gordura. Imagine que isso muitas vezes gerava verdadeiras tragédias com com incendios nos locais de apresentações, e até mesmo em muitos teatros. 

                 Só em 1830 usou-se a lâmpada a gás no palco. Uma revolução no espetáculo teatral, com a iluminação cênica se juntando a outros signos do espetáculo interpretando sentimento e vida. O primeiro objetivo da luz no teatro é a visibilidades, claro. Mas quando se diz que a luz interpreta sentimento e vida, um simples exemplo basta- quando vemos uma luz vermelha em cena nos remete a tensão, violência, desastre.

                   O iluminador ao criar um mapa de luz já fez pesquisa das cores, já conversou com a direção do espetáculo, com a produção, viu equipamentos, tudo conforme o roteiro da peça. Pelo menos é o que se espera de um bom profissional. 

                 Uma boa luz dar o clima, o andamento, a atmosfera e realça momentos significativos do espetáculo. Com fusão de cores e efeitos especiais a peça cresce e alimenta a expectativa de quem está assistindo um espetáculo. Mudanças de cenas, se é dia, se é noite pode ser marcado por uma boa iluminação. 

                Com os imensos recursos de hoje, moving light, luz de led, o iluminador tem a sua disposição uma infinidade de possibilidades de criar uma boa luz. Dessa forma, ele pode ter á sua disposição elementos para criar foco frontal, contra luz, foco lateral, luz de chão ou de ribalta, para citar apenas alguns exemplos.

                Mas é bom lembrar que uma boa luz no teatro não é fazer pirotecnia. É acima de tudo estar em harmonia com o espaço, com as cores dos figurinos dos personagens e com a atmosfera da cena. 

                  Uma boa luz nos encanta com o encanto do teatro.

           

quarta-feira, 23 de abril de 2025

DRAMATURGIA 1 - VESTIR O PERSONAGEM

                O figurino de um personagem é muito importante para sua identificação e para criar uma empatia com o público. Portanto, vestir o personagem torna-se tarefa profissional. Neste sentido, o figurinista é um dos profissionais mais requisitados para o teatro. Muitas vezes já está explicito no texto teatral pelo dramaturgo como se deve vestir o personagem. E uma das principais caracterização nesse sentido é dada pela profissão. Médico, advogado, bombeiro, empresário, ou seja, o figurino pode identificar perfeitamente a profissão da personagem. Mas isso é muito comum, e os bons figurinistas geralmente dão seu toque de criatividade.

                  Existem textos, no entanto, que é preciso uma pesquisa mais densa sobre como vestir o personagem. Geralmente esses textos são futuristas e ai a criatividade do figurinista e que vai determinar o sucesso ou não do figurino do espetáculo, seja ele na dramaturgia teatral, televisiva ou cinematográfica. Por isso é que a profissão de figurinista se torna tão importante na composição de um espetáculo. E geralmente essa é uma das funções em que o diretor do espetáculo menos dar suas dicas, creditando ao profissional sua total liberdade.Imaginemos espetáculos passado no século anterior e, portanto, pensar como as pessoas se vestiam. Ai vai, então, restar ao figurinista a responsabilidade de pesquisar de como aquelas pessoas se vestiam ou de como a própria sociedade se comportava quanto aos seus hábitos de se vestir, inclusive, na hierarquia social.

                 Outro fato importante no vestir o personagem para o teatro é pensar em cores. Como no teatro existe iluminação ara sinalizar tempo, atmosfera ou passagens, a cor do figurino é importante para não destonar ou ir de encontro a iluminação do próprio espetáculo. Muitas vezes o figurinista quer dar destaque a um figurino e suas cores e isso vai de encontro a luz do espetáculo. Portanto, é preciso também estar de acordo com a luz e o próprio ambiente do espetáculo. A não ser que o desejo do profissional seja outro. Mas ai já é outra história.