domingo, 1 de março de 2015

OS DIÁLOGOS CULTURAIS



               Nada mais salutar do que o diálogo, a conversa, o debate , a troca de ideias,  na área cultural. O diálogo, por si só, pode ser esclarecedor e ajudar na busca de saídas, de iniciativas, de fomento. Quando há avanços, objetivos forem atingidos  e metas alcançadas, melhor ainda. Portanto, dialogar democraticamente nunca pode ser tempo perdido.
               A  arte e a cultura piauiense eram debatidas exaustivamente nos anos de 1980/1990, de forma que a classe artística alcançou, talvez, sua melhor performance, seja na música, no teatro, na dança, na literatura e nas artes plásticas. E aqui não vai nenhum saudosismo, é fato. Basta que se passe um visto na história.
                Entidades como Federação do Teatro Amador, União Brasileira de Escritores do Piauí, Sindicato dos Artistas e Técnicos, e até as fundações culturais puxavam congressos, debates, forum, seminários, encontros, palestras, com foco no desenvolvimento cultural. Hoje não se faz isso? Sim, ainda que com menos frequência, e com menos pressão, e menos vigor. Talvez pela diluição do  tempo ou mesmo pela desesperança em não atingir resultados, que custam a se concretizar ou que nunca se concretizam.
              Aí reside a ausência dos encontros culturais em nosso meio - um niilismo em não ver resultados. Mas é bom entender que a falta de mecanismos de pressão joga qualquer pretensão de avanço em políticas  públicas de cultura no limbo. E pior, as torna invisíveis. E nada pior para quem o criador, o artista ou para a arte do que a falta de visibilidade.
               Dialogar é informação, é estar a par da conjuntara, é se fortalecer, é se empoderar. Como tudo é uma questão de valor, de querer humano, de decisão política, a união da classe artística através do ajuntamento, dos diálogos, do debate e das discussões, leva á reivindicações, ao querer se apropriar, a valorização da classe, a solicitação de melhorias. A ser, portanto, visivel.
              Se algum artista piauiense não se enxerga e nem se reconhece como artista, talvez esteja aí também a rejeição em dialogar com seus iguais e, dessa forma, não se reconhecer como iguais, nem no plano da cidadania, nem no plano político. A cisão entre as áreas artísticas piauienses passa muito por esse reconhecimento. É preciso se reconhecer para ser. E numa época de auto estima e auto afirmação como a que vivemos, em que o artista piauiense precisar mergulhar para ser visto, necessita-se do mecanismos do diálogo, não só como afirmação da classe diante de si mesma mas diante do mundo.
             Portanto, por mais que saibamos que a cultura e a educação é um dever do Estado, sabemos também que a finalidade da cultura é a formação da identidade, a criação e a sensibilidade humana. Neste sentido, é que temos que investir nos diálogos culturais, para assim clarear caminhos e trilhas, rumo ao desenvolvimento.
              

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