domingo, 14 de setembro de 2014

NÃO É MAIS POSSÍVEL VIVER DE ESPERAR.


       Aproximam-se as eleições. As classes trabalhadoras fazem reivindicações, projeções e planejam dias melhores. Nada mais salutar. É da democracia, ir a luta, batalhar sugerir, ainda que o jogo político  termine beneficiando quem tem maior peso social, e esse beneficio nem sempre gera mudanças, ao contrário, quase sempre mantém o status estabelecido.
      A classe artística piauiense parecia  viver alheia a esse processo, a essa realidade política. A sociedade sempre viu nossos artistas como pessoas acomodadas, que não reivindica, que não luta por seus direitos constitucionais, ao contrário, se engaja em prol do primeiro candidato que lhe oferece alguma benesse, com um olho na fresta, e quase nunca por posição ideológica. Essa posição por coisas imediatas, seja promessa de emprego, ou mesmo um simples trabalho na campanha do candidato a ou b, sem engajamento político, ao nosso ver é o que tem levado o movimento artístico local a continuar patinando na espera de que alguma coisa possa mudar.
      Na classe artística existem aqueles que só atuam na sua trincheira de trabalho e nunca participam ou se pronunciam politicamente pelo avanço da classe, e aqueles engajados. A união dos dois seguimentos aqui colocados acontece em pouquíssimos momentos e, muitas vezes, apenas quando atinge interesses pessoais.Fazer é necessário, produzir é essencial, mas colocar sua palavra como artista e formador de opinião é, também, tão importante como a própria produção, afinal de contas ela abre caminhos para novos momentos.
      Atualmente a classe artística piauiense caminha para momentos definitivos. De um lado, os artistas estabelecidos, que optaram por sobreviver do que fazem nessa aridez de dificuldades, do outro uma geração de novos artistas com a necessidade imediata de ganhar a vida com a sua profissão, inclusive, muitos deles mais preparados para enfrentar o mercado de trabalho. Talvez aí esteja a mudança necessária que vai transformar a forma de organização da classe, a forma de luta e de atuação, para a abertura do próprio mercado de trabalho. 
       Sentimos essa mudança de forma segura, que certamente não terá descontinuidade, mesmo por que a geração de novos talentos começa a valorizar o seu legado cultural, formado por pessoas que abriram caminhos a duras penas. Esse reconhecimento da nova geração de artistas pelo seu passado é que vai sedimentar de vez a necessidade de não só fazer, criar e produzir, numa espécie de redoma, muitas vezes de forma aleatória, mas, também, lutar, propor, sugerir e reivindicar de forma coletiva, abrindo assim novas perspectivas.    

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