quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O CINE - REX E A CONFRARIA DOS ASSASSINOS - PARTE DOIS

                                                                                             Para Valderi Duarte

           A  principio os encontros eram de simples ladrãozinhos do centro comercial, os chamados lanceiros, os  descuidistas, repartido o roubo, mas nunca assassinos, e  jamais profissionais. Depois a coisa foi crescendo, propagando-se até virar uma confraria, a Confraria dos Assassinos do Cine – Rex. Pela brutalidade e periculosidade de seus membros a Confraria acabou afastando do local os simples  lanceiros amadores para outro canto. A Confraria de Assassinos do Cine – Rex era composta de policiais corruptos, exímios matadores de aluguel, estupradores, ladrões, homens  cruéis que  faziam da morte seu meio de vida. Não se encontravam mais de cinco de cada vez e nunca no mesmo horário. Também, não se sentavam lado a lado, sentavam-se sempre atrás um do outro,  como guarda-costas. Sentar lado a lado era apenas para acertos finais, e nunca mais de três. Depois desses acertos, quando algum deles não ia  praticar o mal, combinavam sair do cinema direto para os inferninhos da noite teresinense.

              Naqueles anos Teresina borbulhava de cabarés de terceira categoria, os famosos inferninhos, muitos deles verdadeiros antros de podridão e putaria. No bairro Piçarra era o Cabaré da Romana; Na vermelha o Raimundo da Lancheira; no bairro Ilhotas, o Verdurinha;No Promorar o Bar da Loura; Na zona norte no Aeroporto o Bar da Margarethe e no Poty Velho, o Pantanal. Nesses lugares ladrões, estupradores e assassinos se divertiam bebendo com suas prostitutas enquanto ficavam na espreita para surpreenderem suas presas. Muitos deles eram proxinetas, os cafetões vendilhões de mulheres,  ou ainda simples exploradores de mulheres que extorquiam as coitadas tomando tudo na porrada  o que elas faturavam na noite. Entre esses exploradores estava Marquinhos Lio, o Leãozinho.               

             Marquinhos, apesar de seus vinte anos, tinha uma fama de crueldade que beirava o absurdo. Bastava dizer que entre suas vitimas estavam as mulheres grávidas, gostava de baixar porrada nelas, quando não as matava.

           - Pra não nascer mais um desgraçado no mundo – Segundo ele.

           Mas Marquinho nessa sua atitude era contraditório, pois gostava de engravidar as putas jovens dos cabarés  de Teresina. Era só chegar alguma mulher novata naqueles inferninhos para ele estar rente, e sapecar um filho nela. Fazia a festa!

         - É melhor meu do que de outro cabra safado!

           E com isso sua fama de mau aumentava imensamente entre as prostitutas. Algumas até gostavam pois tinham proteção, outras ficavam ao deus dará depois de ter filho. No cabaré da Romana engravidou a própria filha da dona, a Teresinha Romana, que se embeiçou pelo Leãozinho e ficou a ver navio com um filho a tiracolo.  Marquinho Lio era o rei do Verdurinha, um inferninho fedorento a loção barato, fumaça de cigarro e álcool, onde no seu interior não se via a cara do outro a um metro e onde meninas se vendiam por um trago de Campari. O sujeito ao entrar no Verdurinha saia impregnado de tudo aquilo. O único lugar onde Marquinho não botava seu barraco com mulher era no Bar da Loira, no Promorar.

           - Aqui mulher que emprenha de bicho ruim ‘tá fora! – Dizia a própria.

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