Novos tempos aqui é apenas uma
retórica. Artistas, produtores e criadores continuarão no campo da resistência
cultural. Resistir, talvez seja a palavra chave nessa nova conjuntura que se apresenta
no setor artístico - cultural do país. Resistência e luta. E tome fôlego, discussões,
suor e lágrimas.
Discutir perdas e danos, enquanto
poderíamos estar discutindo e vislumbrando ganhos e desenvolvimento cultural. Foi-se o Ministério da Cultura. A resistência dos
trabalhadores do setor foi incapaz de impedir tamanho retrocesso, inundados por
uma grande torcida a favor do desmanche, e contra a beleza da arte e do desenvolvimento criativo da
nação.
No plano local, tivemos a
consolidação da Secretaria de Estado da Cultura, que privilegiou a recuperação
do patrimônio cultural, inclusive, das escolas de música, dança e teatro, e a criação de novos espaços para a difusão
artística. A discussão agora é saber se
ela resisti sem investimento na produção cultural, ponta do iceberg e, sem
dúvida alguma, caminho de qualquer desenvolvimento do setor. Sem investimento
não há produção, sem produção cultural não há circulação de bens, ou seja, peças
de teatro, shows musicais, espetáculos
de dança, o livro, as artes plásticas, enfim. Neste sentido, o Estado, que tem
na prestação de serviços quase a totalidade de sua mão de obra, já devia ter
percebido o significado estratégico da cultura para o desenvolvimento, e
traduzir isso em ação objetiva, ou seja aplicando investimento na produção e na
difusão de bens culturais, o que desaguaria tranquilamente na geração de
oportunidade e renda. Portanto, sem produção, volta-se a estaca zero, pior
ainda, a degradação do patrimônio recuperado, pela simples falta de uso. A
discussão vai rolar. Resistência a vista.
No município de Teresina, um avanço no campo da gestão cultural, quando
se implantou o Sistema Municipal de Cultura, criando e empossando o Conselho
Municipal de Política Cultural, com o objetivo de elaborar o Plano Municipal de
Cultura. O Conselho Municipal de Política Cultural de Teresina é deliberativo,
paritário, normativo e fiscalizador, tudo feito dentro das regras do Sistema
Nacional de Cultura. Muita gente da cultura ainda não entendeu sua importância, talvez, por
não estar acostumado aos debates necessários aos avanços no campo cultural. A
urgência é mais pela sobrevivência no setor, o que não é fácil.
Cabe, portanto, aos representantes da
sociedade civil no Conselho, eleitos nos seus fóruns setoriais, cumprir os
objetivos para o que foram designados. Discussões e enfrentamentos estéreis têm
dificultado o avanço dos trabalhos do Conselho Municipal, fruto exatamente da
falta de debate no campo cultural, onde alguns artistas e produtores preferem o
viés da discussão política partidária. Nada contra, mas aproveitar esse fórum do Conselho para criar marcos regulatórios que
beneficiarão o desenvolvimento cultural, é uma questão de bom senso. Democracia
se faz dentro do campo democrático.
Mas a resistência do povo da cultura no
Estado do Piauí é o que tem feito a roda girar. Nunca se viu tanto movimento
cultural, apesar de muitos ventos e tsunamis contra. Festivais de Teatro – O
Lusófono, internacional; O Festival Nacional de Teatro, de Floriano; Mostras de
teatros de bairros; Lançamentos de livros; Exposições de arte; Show musicais; Espetáculos
de dança e criação de espaços privado de arte, tudo fruto da garra e da
persistência dos criadores e produtores culturais do Estado.Haja resistência! E luta.
A palavra chave nesse novo momento
talvez seja mesmo resistência. Todavia, a resistência de quem aprendeu a não
esperar eternamente, mas a buscar alternativas e a requerer aquilo de que a
classe tem direito dentro da estrutura do poder, “onde a cultura é direito de
todos e dever do Estado”, tudo reclamado com respeito e civilidade. As
discussões exacerbadas de alguns são salutar, quando não estão fora da curva,
feitas de formas amadurecida, visando o bem de todos.
Que venham os novos dias! Que se renovem
as forças de todos rumo ao desenvolvimento cultural. Resistir é preciso!
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