A Constituição do Estado do Piauí, trás no seu capitulo III, que trata da educação, precisamente no artigo duzentos e vinte e seis, paragrafo único, que "será obrigatório nas escolas públicas e particulares, o ensino da literatura piauiense e de noções de transito e de meio ambiente". No que diz respeito a literatura, durante todo esse tempo esse tempo houve pouco avanço no sentido de cumprir esse dispositivo constitucional.
Não tem sido por falta de alerta ou de verdadeiras batalhas seja dos escritores ou do meio acadêmico, que a nossa literatura não foi inserida na grade curricular das escolas do Estado. As discussões sobre esse tema tem tomado o tempo de muitas pessoas, verdadeiros Dom Quixotes, que colocam o seu tempo e sua inteligência, para que o estudo do autor piauiense seja um fato concreto no meio escolar, onde pressupõe-se, com muita propriedade, que seja na escola o melhor meio de conhecimento e propagação da nossa cultura. Aliás, nada melhor do que a literatura para mostrar a realidade piauiense, seja através da ficção, da poesia, da dramaturgia, do cordel, da biografia ou do ensaio.
O não cumprimento daquele paragrafo da constituição, muitas vezes tem levado a discussões acaloradas e a opiniões das mais contraditórias possíveis. Tem até aqueles que dizem ser inexistente uma literatura piauiense de profundidade e, portanto, sendo assim seria desprovida de conteúdo e sem valor algum. Outros contestam que implantar a literatura por decreto ou por força de qualquer ato seria simplesmente inútil, isso por que, segundo esse pensamento, tudo teria que ser uma conquista. O que é bom o povo gosta,não precisa de imposição. Será verdade?
É certo que existem gargalos a vencer. O do consumo da literatura piauiense é um deles.Pois a tiragem do livro piauiense, na sua absoluta maioria, não passa de mil a dois mil exemplares. Mas será verdade que existem autores demais para um público de menos? E quanto a divulgação e difusão do autor piauiense? Quantos bons autores desconhecidos existem em nosso Estado? Temos certeza absoluta que muitos deles. Claro, o contrário também é verdade, mas aí quem vai dizer o que é bom ou ruim é o público consumidor. Isso quando a literatura piauiense chegar a ele.
Agora surgiu, no âmbito governamental, uma das maiores iniciativas para a propagação da nossa literatura. Ela partiu exatamente do orgão que trata das diretrizes da educação do Estado, ou seja, da Secretaria Estadual de Educação e Cultura. No final do ano passado, aquele orgão do governo, lançou o edital para aquisição de obras literárias piauienses para as escolas da rede estadual de ensino. Esse edital, prorrogado até o mês de agosto de 2014, acabou de divulgar seu resultado.
Tanto editores piauienses, titulares de direitos autorais ou seus representantes legais interessados, tiveram acesso amplo para inscrições de obras de autores locais, que configurassem os parâmetros curriculares nacionais e as diretrizes curriculares da SEDUC, para a educação básica da rede publica. De forma democrática houve a concorrência, amplamente divulgada, para analise avaliativa das obras, por uma comissão de professores do orgão. Foi um avanço enorme. Centenas de obras foram inscritas, do mais renomado ao mais desconhecido autor.
O governo demonstra, dessa forma, sua inequívoca intenção em investir no autor piauiense e na sua criação literária. Portanto, um passo gigantesco para implantar definitivamente o ensino da literatura piauiense em nossas escolas. Aos escritores, um alento e a certeza de que sua criação terá um público leitor.
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