sábado, 23 de julho de 2016

II CONGRESSO BRASILEIRO DE TEATRO AMADOR



         No inicio do ano de 1981, precisamente nos dias  28 de janeiro a 01 de fevereiro, aconteceu o II Congresso Brasileiro de Teatro Amador - CBTA, no Teatro Ruth Escobar, na cidade de São Paulo. A delegação piauiense, representando a Federação de Teatro Amador do Piauí, era composta por Ací Campelo, Afonso Lima, Afonso Miguel Aguiar, Williams  Martins e José da Providencia. 
       Os artistas piauienses tinham se preparado exaustivamente para participar daquele evento, com discussões sobre a pauta do congresso, no entanto, o mais importante foi a proposta que levaríamos para o debate de regionalização da Confederação Brasileira de Teatro Amador, promotora do evento. Não uma regionalização simplesmente geográfica, como a Confenata tentava impor,  mas uma regionalização por  afinidades. Essa proposta seria defendida por nossa delegação.
         Naquele mesmo ano e, por incrível que pareça, no mesmo período iria acontecer o I Encontro Brasileiro de Arte Independente, durante os dias de 25 de janeiro a 08 de fevereiro, no Teatro Pixiguinha, no Sesc/Pompeia, na capital Paulista. Portanto, juntou uma coisa com a outra, e mais uma vez o teatro piauiense rumava as malas para participar de uma mostra teatral. Os espetáculos que viajaram para São Paulo foram, A Guerra dos Cupins, de Afonso Lima, dirigido por José da Providencia e montado pelo Grupo de Teatro Pesquisa e O Princês do Piauí, de Benjamim Santos, montado pelo Grupo Teste de Espetáculo, dirigido por Tarciso Prado. 
          A viagem foi uma verdadeira saga. Os dois grupos com a ajuda da Fetapi alugaram um ônibus da Itapemirim, onde além do elenco das duas peças iam também os delegados da própria Federação, uma festa para ninguém botar defeito. Para se ter uma ideia a viagem eram dois dias e uma noite na estrada, que foram regados a cachaça, vodka e marijuana  a valer. 
          O II CBTA transcorreu em um clima de guerra política, onde grupos de poder lutavam pelo comando da Confederação Brasileira de Teatro Amador, varando noites de debates e discussões que pareciam não chegar ao fim, levando a melhor o velho PC do B, quando foi eleito José Carlos Matos do Estado do Ceará, para presidente. Quanto a nossa delegação teve uma enorme participação no Congresso, todavia, nossa proposta de regionalização da Confenata não foi aceita, talvez por falta de uma maior firmeza na sua defesa. No entanto, Afonso Lima foi eleito suplente da diretoria executiva da Confederação e, por um golpe do destino, pois o presidente eleito José Carlos Matos morreu em um acidente aéreo no Estado do Ceará, Afonso Lima assume a vice-presidência da Confederação Brasileira de Teatro Amador. 
        Quanto ao I Encontro de Arte Brasileira Independente foi um monte de equivoco, a começar pelo próprio titulo, onde o próprio evento era patrocinado pelo governo assim como a ida dos Estados a São Paulo. Então, a grande pergunta era o que seria arte independente Brasileira? Portanto, uma pergunta que ainda  permeia a discussão atual.
         Das várias lembranças ficaram muitas, entre as quais, de nossa hospedagem no Estádio do Pacaembu, quando as camas tremiam com a sacudida da galera assistindo o jogo acima de nós; outra, desta vez maravilhosa, foi termos assistido a estreia da peça Rasga Coração, de Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha, no Teatro Sergio Cardoso, depois da liberação da peça pela censura federal.